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RIQUEZA BRASILEIRA
IBGE mostra que o PIB cresceu 3,84% no primeiro semestre do ano em relação ao mesmo período de 99
Economia cresce mais que o previsto
Alta é terceira maior da década; desempenho agrícola surpreende
Economia cresceu 1% em média durante os anos do Plano Real
PIB cresceu 3,84% este ano, contra uma média de 1% por semestre nos anos do Real; agropecuária surpreende
Alta do PIB é a terceira maior da década
ISABEL CLEMENTE
DA SUCURSAL DO RIO
Na primeira metade do ano
2000, a economia brasileira cresceu a uma velocidade que só foi
superada duas vezes nesta década. O Produto Interno Bruto, medida do ritmo de criação de bens e
serviços de um país, cresceu
3,84% no primeiro semestre em
relação ao mesmo período de
1999.
Trata-se de um desempenho
melhor que o previsto pela maioria dos analistas econômicos,
bancos e consultorias.
O resultado provisório do crescimento da economia neste ano
perde apenas para os primeiros
semestres de 95 e 97. Os dados foram divulgados ontem pelo IBGE.
"Tudo converge para mostrar
que estamos entrando num ciclo
mais virtuoso de recuperação",
afirmou o ex-ministro da Fazenda Marcílio Marques Moreira,
consultor-sênior da Merrill Lynch
& Co no Brasil.
A alta do PIB vem respaldada
pela melhora conjunta dos principais indicadores macroeconômicos, como taxa de juros, inflação,
transações correntes e balanço de
pagamentos, aponta Olinto.
A lavoura já não justifica mais
sozinha a recuperação econômica
do país como no ano passado,
apesar do seu crescimento de
6,49% no semestre e de 10% no segundo trimestre -sempre em relação ao mesmo período do ano
anterior.
Confirmando os bons resultados mensais, aparecem as indústrias de transformação (7,53%) e
da construção civil, setores que,
entre os dois primeiros semestres,
inverteram quedas acentuadas
em crescimentos.
O PIB industrial está com crescimento de 5% no semestre, à
frente do de serviços (2,96%) e
atrás do agropecuário (6,45%).
"Diferentemente dos anos anteriores, dessa vez o crescimento
também está apoiado na indústria. Mudou o perfil", disse o economista Paulo Mansur Levy,
coordenador do Grupo Conjuntura do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada).
O único porém surgiu no segundo trimestre, quando a indústria teve desempenho muito tímido (0,07%) sobre o anterior, já
descontada a sazonalidade.
"Isso significa que a produção
da indústria não ficou muito acima da média histórica do período", disse Roberto Olinto, gerente
do PIB Trimestral do IBGE.
O setor de serviços, em compensação, mostrou uma reação
que não se via desde o fim do ano
passado. Cresceu 4,88% entre
abril e junho, depois de duas quedas trimestrais consecutivas em
relação ao período imediatamente anterior.
Uma outra informação que
confirma a retomada da economia é o fato de o crescimento trimestral do PIB (0,23%) ser o sexto
consecutivo desde janeiro do ano
passado. Para Roberto Olinto, vale a observação, apesar dos resultados do segundo e do terceiro trimestres do ano passado terem sido muito baixos -0,15% e 0,21%,
respectivamente.
Essa variação serviu para confirmar a distância que se abre entre o PIB de hoje daquele verificado antes da implementação do
Plano Real, em julho de 1994. Da
montanha-russa em que se transformou a economia nos últimos
três anos, sobrou um saldo positivo de 17,3% de ganhos no semestre em relação ao período imediatamente anterior ao plano, o primeiro semestre de 94.
No segundo trimestre deste
ano, o PIB ficou quase 30% acima
da média de 90, o maior de toda a
década. As crises de 97, 98 e 99 fizeram com que o volume de produção não seguisse uma trajetória
ascendente, usando a média de 90
como parâmetro.
Alguns exemplos: no último trimestre do ano passado, o PIB estava 24,4% acima da média de 90.
Resultados melhores já haviam sido registrados no terceiro trimestre de 97, antes de o país viver os
efeitos da crise asiática, e no terceiro trimestre de 98, também antes do contágio russo.
A partir de outubro, o IBGE estará divulgando os valores equivalentes do PIB trimestral geral,
da agropecuária, de serviços e da
indústria. No próximo ano, o instituto também passará a medir o
PIB pelo lado do consumo. Itens
como o consumo de famílias, exportações, importações, investimentos diretos e outros que permitam descobrir de onde vem o
crescimento da economia. O PIB,
como é calculado hoje, considera
apenas o lado da produção.
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