São Paulo, quinta-feira, 10 de agosto de 2000


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RIQUEZA BRASILEIRA
IBGE mostra que o PIB cresceu 3,84% no primeiro semestre do ano em relação ao mesmo período de 99
Economia cresce mais que o previsto

 Alta é terceira maior da década; desempenho agrícola surpreende

 Economia cresceu 1% em média durante os anos do Plano Real

PIB cresceu 3,84% este ano, contra uma média de 1% por semestre nos anos do Real; agropecuária surpreende
Alta do PIB é a terceira maior da década

ISABEL CLEMENTE
DA SUCURSAL DO RIO

Na primeira metade do ano 2000, a economia brasileira cresceu a uma velocidade que só foi superada duas vezes nesta década. O Produto Interno Bruto, medida do ritmo de criação de bens e serviços de um país, cresceu 3,84% no primeiro semestre em relação ao mesmo período de 1999.
Trata-se de um desempenho melhor que o previsto pela maioria dos analistas econômicos, bancos e consultorias.
O resultado provisório do crescimento da economia neste ano perde apenas para os primeiros semestres de 95 e 97. Os dados foram divulgados ontem pelo IBGE.
"Tudo converge para mostrar que estamos entrando num ciclo mais virtuoso de recuperação", afirmou o ex-ministro da Fazenda Marcílio Marques Moreira, consultor-sênior da Merrill Lynch & Co no Brasil.
A alta do PIB vem respaldada pela melhora conjunta dos principais indicadores macroeconômicos, como taxa de juros, inflação, transações correntes e balanço de pagamentos, aponta Olinto.
A lavoura já não justifica mais sozinha a recuperação econômica do país como no ano passado, apesar do seu crescimento de 6,49% no semestre e de 10% no segundo trimestre -sempre em relação ao mesmo período do ano anterior.
Confirmando os bons resultados mensais, aparecem as indústrias de transformação (7,53%) e da construção civil, setores que, entre os dois primeiros semestres, inverteram quedas acentuadas em crescimentos.
O PIB industrial está com crescimento de 5% no semestre, à frente do de serviços (2,96%) e atrás do agropecuário (6,45%).
"Diferentemente dos anos anteriores, dessa vez o crescimento também está apoiado na indústria. Mudou o perfil", disse o economista Paulo Mansur Levy, coordenador do Grupo Conjuntura do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada).
O único porém surgiu no segundo trimestre, quando a indústria teve desempenho muito tímido (0,07%) sobre o anterior, já descontada a sazonalidade.
"Isso significa que a produção da indústria não ficou muito acima da média histórica do período", disse Roberto Olinto, gerente do PIB Trimestral do IBGE.
O setor de serviços, em compensação, mostrou uma reação que não se via desde o fim do ano passado. Cresceu 4,88% entre abril e junho, depois de duas quedas trimestrais consecutivas em relação ao período imediatamente anterior.
Uma outra informação que confirma a retomada da economia é o fato de o crescimento trimestral do PIB (0,23%) ser o sexto consecutivo desde janeiro do ano passado. Para Roberto Olinto, vale a observação, apesar dos resultados do segundo e do terceiro trimestres do ano passado terem sido muito baixos -0,15% e 0,21%, respectivamente.
Essa variação serviu para confirmar a distância que se abre entre o PIB de hoje daquele verificado antes da implementação do Plano Real, em julho de 1994. Da montanha-russa em que se transformou a economia nos últimos três anos, sobrou um saldo positivo de 17,3% de ganhos no semestre em relação ao período imediatamente anterior ao plano, o primeiro semestre de 94.
No segundo trimestre deste ano, o PIB ficou quase 30% acima da média de 90, o maior de toda a década. As crises de 97, 98 e 99 fizeram com que o volume de produção não seguisse uma trajetória ascendente, usando a média de 90 como parâmetro.
Alguns exemplos: no último trimestre do ano passado, o PIB estava 24,4% acima da média de 90. Resultados melhores já haviam sido registrados no terceiro trimestre de 97, antes de o país viver os efeitos da crise asiática, e no terceiro trimestre de 98, também antes do contágio russo.
A partir de outubro, o IBGE estará divulgando os valores equivalentes do PIB trimestral geral, da agropecuária, de serviços e da indústria. No próximo ano, o instituto também passará a medir o PIB pelo lado do consumo. Itens como o consumo de famílias, exportações, importações, investimentos diretos e outros que permitam descobrir de onde vem o crescimento da economia. O PIB, como é calculado hoje, considera apenas o lado da produção.



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