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PREÇOS
IPCA de julho ficou em 1,19%; tarifas e preços administrados foram 0,79 ponto percentual do total; alimentos sobem
Alta do dólar e tarifas puxam a inflação
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
O IPCA (Índice de Preços ao
Consumidor Amplo) de julho
quase triplicou: a inflação passou
de 0,42% em junho para 1,19%.
Foi a maior taxa desde julho de
2001, quando o índice havia ficado em 1,33%, segundo o IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística).
De acordo com a técnica Eulina
Nunes dos Santos, do IBGE, são
dois os motivos para a disparada
da inflação: a pressão da forte alta
do dólar sobre os alimentos e a
concentração em julho de reajustes de tarifas públicas e preços administrados.
Alguns desses itens, como a gasolina, o gás de botijão e a energia,
também sofrem o impacto indireto do câmbio, afirmou.
Apesar do salto da inflação, o
novo limite estabelecido para este
ano no acordo com o FMI -de
6,5%, com intervalo de 2,5 pontos
para cima ou para baixo- não
corre risco. Especialistas ouvidos
pela Folha esperam que o IPCA
feche 2001 muito perto do centro
da meta acertada com o Fundo:
de 6,2% a 6,5%.
Desde maio, o mercado já esperava que a meta oficial do BC
(Banco Central), cujo teto é de
5,5%, fosse estourada. Neste ano,
o IPCA acumula alta de 4,17%.
Nos últimos 12 meses, 7,51%.
"É uma meta [a acertada com o
FMI" bastante elástica, que leva
em conta o risco de uma crise
cambial e abre espaço para o corte
dos juros", afirmou o economista
Luís Suzigan, da consultoria LCA.
Os alimentos, cujos preços vinham caindo até maio e estavam
perto da estabilidade em junho,
subiram 1,05%. Afetados pelo dólar, o pão francês aumentou
5,64% (seu impacto no IPCA foi
de 0,0766 ponto), o óleo de soja,
9,13% e a farinha de trigo, 4,37%.
Todos esses produtos ou têm
insumos importados, como o trigo, ou são cotados em dólar -caso da soja. Já influenciados pela
entressafra, o leite subiu 2,64% e o
feijão, 18,54%.
Apesar do impacto do dólar no
pão, um dos itens mais consumidos pelas famílias, o economista
Marcelo Cypriano, do BankBoston, afirmou que ainda não foi verificado um forte repasse da alta
da moeda sobre os preços do atacado para os do varejo. Esse movimento, diz, pode se intensificar
nos próximos meses.
Suzigan concorda e acrescenta
que, no caso dos itens industrializados, nos quais muitas matérias-primas são importadas, o repasse
não foi notado.
Maior peso na inflação, porém,
tiveram as tarifas públicas e os
preços administrados. Somados,
tiveram contribuição de 0,73 ponto percentual do IPCA de 1,19%
de julho.
Os maiores aumentos foram do
telefone fixo, que subiu 10,54%
(com peso de 0,31 ponto), e da
energia elétrica -alta de 4,26% e
impacto de 0,1765 ponto. Em seguida, ficaram a gasolina, cujo
reajuste foi de 2,87% (com peso
de 0,1187 ponto), e o gás de cozinha, que subiu 4,42%.
Outros índices
No mês passado, segundo a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), a inflação ficou em 0,67%. Já o IGP-M da FGV (Fundação Getúlio Vargas) mostrou um número bem maior: alta de 1,95% nos preços durante o mês de julho. Enquanto no primeiro índice as altas do dólar não tiveram grande impacto, no segundo
elas foram decisivas, visto que os preços no atacado são fortemente
influenciados pela moeda norte-americana e são parte importante
do indicador.
As diferenças entre os índices se explicam por suas metodologias,
que se distinguem das classes de renda ao local de pesquisa, passando pelos tipos de preços coletados. O IPCA mede a inflação para famílias com renda de até 40 salários mínimos em dez capitais e no DF. O IPC-Fipe se limita à faixa de renda de até 20 mínimos, apenas na cidade de São Paulo. E ambos não englobam preços no atacado, como o IGP-M.
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