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MERCOSUL
Chanceler brasileiro se reúne com Kirchner, mas não convence país vizinho a alterar discurso sobre barreiras
Visita de Amorim não muda Argentina
CLÁUDIA DIANNI
DE BUENOS AIRES
A visita feita ontem pelo ministro das Relações Exteriores brasileiro, Celso Amorim, a Buenos Aires não convenceu o governo argentino a desistir de impor barreiras comerciais a produtos brasileiros. O ministro da Economia
do parceiro do Mercosul, Roberto
Lavagna, confirmou a Amorim o
que já havia dito: que irá adotar
medidas unilaterais para proteger
a indústria nacional quando os
acordos de controle de comércio
assinados entre os setores privados não forem respeitados.
"Eu disse ao ministro Lavagna
que não gostaria de sair da Argentina com uma notícia desagradável, mas certamente esse assunto
voltará a ser discutido", disse
Amorim a jornalistas depois de
reunir-se com várias autoridades
argentinas. O chanceler brasileiro
referia-se à ameaça argentina de
impor barreiras comerciais às exportações de sapatos, feita na semana passada.
Surpresa
Em julho, em plena reunião de
presidentes do Mercosul, Lavagna anunciou a adoção de barreiras às importações de eletrodomésticos brasileiros. Na ocasião, o
governo brasileiro disse que foi
surpreendido pela medida. Mas
os argentinos disseram que já haviam avisado o país.
Na semana passada, a Secretaria
de Indústria e Comércio do parceiro comercial confirmou que
adotará novas medidas, desta vez
para limitar as importações de
calçados, se não for respeitado o
acordo assinado entre os fabricantes dos dois países com o objetivo de limitar as vendas do produto brasileiro no mercado argentino a 13 mil pares de sapatos
neste ano.
Embora as vendas brasileiras
não tenham atingido nem a metade da cota até o mês passado, os
fabricantes argentinos afirmam
que os embarques do Brasil já aumentaram 78% com relação ao
mesmo período do ano passado.
Segundo Amorim, a visita à Argentina não foi marcada para desfazer o desconforto causado pelo
episódio, que ficou conhecido como a "Guerra das Geladeiras".
De acordo com o ministro brasileiro, a visita já estava marcada
antes das últimas medidas protecionistas adotadas pela Argentina. "Vamos ter que lidar com os
problemas pontuais que surjam.
É preciso entender que a Argentina passou por uma crise. Não vim
aqui para discutir esses problemas pontuais, mas para falar de
mais integração e de estratégias
de política industrial. Não uma
política industrial protecionista,
mas de integração de cadeias produtivas", disse Amorim.
Além de encontrar-se com Lavagna, Amorim reuniu-se com o
presidente Néstor Kirchner, com
o chanceler argentino, Rafael Bielsa, e com o chefe-de-gabinete de
Kirchner, Alberto Fernandez.
Pela manhã, Amorim participou da solenidade de hasteamento, pela primeira vez, da bandeira
do Mercosul na residência da Embaixada do Brasil. Treze anos depois da criação do bloco sul-americano e sete anos depois da adoção da bandeira como símbolo do
Mercosul, a bandeira nunca havia
sido hasteada na embaixada brasileira.
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