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VIZINHO EM CRISE
Argentina estuda forma de pagamento a organismos multilaterais
Lavagna pode pagar dívida com reserva
DE BUENOS AIRES
O governo argentino ainda não
definiu como será feito o pagamento ao FMI (Fundo Monetário
Internacional) enquanto durar a
suspensão das revisões do acordo
de US$ 13,8 bilhões assinado em
setembro. O Ministério da Economia estuda utilizar as reservas internacionais para manter os compromissos com os organismos internacionais de crédito.
Ontem, o ministro da Economia, Roberto Lavagna, confirmou
que não está suspenso o acordo
com o Fundo, mas apenas adiadas as revisões das metas acertadas com o organismo.
"Se não terminaram a revisão
do mês de julho, a posição do governo argentino é a de que não
deve haver revisão em setembro,
porque afetaria a oferta aos credores privados", disse Lavagna.
O governo crê que as pressões
do FMI para aumentar a oferta de
pagamento da dívida privada, como condição para aprovar as revisões, atrapalhem as negociações
com os credores, que se sentem
respaldados pelo Fundo.
Uma das possibilidades estudadas no governo é usar as reservas
para continuar pagando ao FMI
durante a suspensão das revisões,
para impedir que o acordo de setembro deixe de valer e para que o
país não entre em "default" também com os organismos.
Até o fim do ano, a Argentina
tem que pagar US$ 2,248 bilhões
ao FMI, US$ 204 milhões ao Banco Mundial e US$ 275 milhões ao
Banco Interamericano de Desenvolvimento, valores correspondentes a juros de empréstimos.
O país possui cerca de US$ 18 bilhões em reservas internacionais.
O impacto nas reservas até o fim
do ano será de US$ 2,7 bilhões.
Com a suspensão das revisões, a
Argentina deixa de submeter a
condução da economia à aprovação do FMI até dezembro.
Isso significa que o país não terá
a obrigação de reformar o sistema
financeiro, renovar os contratos
com as empresas privatizadas
-o que implica aumento de tarifas públicas-, aumentar o superávit fiscal e a oferta de pagamento aos credores. Essas eram as
principais condições para que o
país pudesse continuar sacando
as parcelas referentes ao acordo
de US$ 13,8 bilhões.
As reservas se formam basicamente com o superávit comercial.
A Argentina vem registrando saldo positivo principalmente por
causa da alta do preço do petróleo
e da soja no mercado internacional, dois dos principais produtos
de exportação.
"Usar as reservas para pagar dívidas é perigoso, porque pode gerar inflação. O ideal seria pagar dívidas com superávit fiscal. Mas o
impacto nas reservas não será
muito grande, portanto a estratégia é sustentável. A inflação está
controlada em cerca de 5% ao
ano", disse o professor de macroeconomia da Universidade de
Buenos Aires Eduardo Conesa.
Segundo ele, para evitar a inflação, a Argentina teria que pagar
seus compromissos com o dinheiro que economiza. A arrecadação do governo tem batido recordes por causa do dinheiro obtido com impostos de exportação,
que estão em alta.
Em 2003, o país cresceu 8,7%, e,
neste ano, o governo espera expansão de 6%. Mas as despesas do
governo também estão aumentando. Neste ano, o gasto público
da administração nacional cresceu 9% acima do Orçamento
aprovado em 2003 no Congresso,
segundo o jornal "La Nación".
(CLÁUDIA DIANNI)
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