|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Nova desoneração deve começar pela construção civil
Fazenda indica que pacote de redução de impostos não deve ser ambicioso por causa da perda de arrecadação
Fazenda e Planejamento dizem que pacote anunciado por Furlan
não deve reduzir a arrecadação de impostos
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A nova rodada de desoneração tributária anunciada pelo
ministro Luiz Fernando Furlan
(Desenvolvimento) em entrevista à Folha ontem deverá começar pelo setor da construção
civil. Mas, se depender da equipe econômica, mais uma vez
desagradará ao setor privado.
Os primeiros estudos feitos na
área econômica indicam que
não há espaço na arrecadação
para um pacote ambicioso.
O ministro Paulo Bernardo
(Planejamento) explicou que a
redução de tributos terá como
objetivo melhorar a competitividade das empresas sem, no
entanto, afetar a arrecadação.
Furlan falou em incentivos à
construção civil, bens de capital (máquina e equipamentos)
e produtos de tecnologia avançada para a TV digital.
"Nós temos uma carga tributária elevada, mas não há condições neste momento de reduzi-la. Entretanto, é possível
fazer reduções de tributos que
aumentem a competitividade
das empresas brasileiras e que
possam gerar empregos", disse.
Bernardo disse que os estudos para a desoneração tributária ainda estão no começo e
que as medidas só devem ser
anunciadas após o governo
concluir o projeto de financiamento da compra de imóveis
com desconto em folha.
No pacote de desoneração
para a construção civil feito no
início deste ano, a Fazenda escolheu a dedo os produtos que
tiveram a alíquota do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) zerada. A idéia foi
limitar o benefício a produtos
usados em de moradias e excluir os utilizados em obras comerciais, o que desagradou ao
setor da construção civil.
A idéia agora é repetir a fórmula, até porque, argumentam
os técnicos, o impacto na arrecadação não é desprezível: a
desoneração feita no início do
ano, que incluiu 13 produtos e a
redução da tributação de outros 39 itens, custará ao governo R$ 1,4 bilhão por ano.
A lista de máquinas e equipamentos que deixarão de pagar
o IPI deve ser ampliada. Hoje,
já são 672 produtos.
O Ministério da Fazenda até
gostaria de suspender a cobrança do PIS e da Cofins, contribuições cobradas pelo governo federal, na compra de máquinas e equipamentos, mas isso custaria aproximadamente
R$ 3,5 bilhões por ano.
Essa medida chegou a ser
analisada no início deste ano e
tinha parecer favorável da
equipe econômica, mas acabou
sendo abandonada em favor da
correção da tabela do Imposto
de Renda.
A necessidade de agradar à
classe média, camada em que o
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva perdeu votos, acabou sendo mais importante que a desoneração do investimento.
A outra proposta que já foi
defendida pelo Ministério do
Desenvolvimento -de suspender a cobrança do PIS e da Cofins sobre os produtos usados
na construção civil- também
deve continuar na gaveta por
causa da redução na arrecadação.
As novas desonerações também vão incluir incentivos para
a instalação de fábricas de microprocessadores no Brasil. O
governo quer incentivar a exportação desses produtos e, ao
mesmo tempo, suprir a demanda que será gerada com a TV digital.
O governo já negocia a instalação no país de uma unidade
desse setor. A expectativa é
atrair uma etapa de produção
de chip da Intel na Costa Rica,
investimento que o Brasil tentou trazer mas acabou perdendo nos anos 1990 por causa do
"custo Brasil": tributos altos e
infra-estrutura ruim.
Colaborou ANA PAULA RIBEIRO ,
da Folha Online
Texto Anterior: Paulo Nogueira Batista Jr.: A retomada do crescimento econômico Próximo Texto: Frase Índice
|