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Venda cai e capacidade bate recorde
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A atividade industrial apresentou acomodação em julho depois
de quatro meses de crescimento
vigoroso. Embora as vendas reais
tenham caído 3,31% na comparação com junho, a utilização da capacidade instalada alcançou o recorde histórico de 82,8% e o emprego industrial cresceu 0,98%
-a maior variação entre dois
meses desde 1995.
Os dados fazem parte dos Indicadores Industriais divulgados
mensalmente pela CNI (Confederação Nacional da Indústria). Segundo o coordenador de Política
Econômica da entidade, Flávio
Castelo Branco, o ritmo de crescimento foi muito intenso ao longo
do primeiro semestre deste ano.
"É natural observar agora uma
acomodação para um nível sustentável", disse.
Em julho, as horas trabalhadas
na indústria foram reduzidas em
0,24%, enquanto a massa salarial
(salários pagos) ficou praticamente estável: queda de 0,09%.
Projeções da entidade revelam
que, se o ritmo verificado de março a junho fosse mantido, as vendas reais da indústria, por exemplo, teriam crescimento superior
a 37% no ano. "Isso não acontece
nem na China", declarou Paulo
Mol, economista da CNI.
Para Castelo Branco, um sinal
de que a indústria continuará
crescendo é o aumento no emprego industrial. "Se o empresário
não tivesse confiança na continuidade do crescimento, não contrataria mais trabalhadores."
A aposta na sustentabilidade do
crescimento fez a CNI confirmar
a projeção de expansão do PIB
(Produto Interno Bruto) de 4,5%
neste ano, divulgada há duas semanas. A projeção anterior (julho) era de 4%. A indústria deverá
crescer 6%, segundo estimativa
conservadora da entidade.
Fortes crescimentos
Em relação a julho de 2003, todos os indicadores registraram
forte crescimento. No caso das
vendas, o aumento foi de 19,45%.
O emprego cresceu 4,07%. As horas trabalhadas, 7,56%, e os salários líquidos reais, 8,29%. Em julho de 2003, a utilização da capacidade instalada estava em 79%.
Castelo Branco afirmou também que o nível atual da capacidade não preocupa, por enquanto, pois investimentos estão sendo feitos pelas empresas. A tendência, segundo ele, é que até outubro a utilização da capacidade
continue batendo recordes. Nesse
período, a indústria aumenta a
produção para atender às encomendas do comércio.
O aumento no uso da capacidade preocupa quando não é seguido de investimentos porque, ao
atingir seu limite, se as fábricas
não ampliam sua capacidade de
produção, pode haver falta de
produtos nas prateleiras, gerando
inflação.
Castelo Branco destacou que há
necessidade de ampliação nos investimentos para evitar que, no
médio prazo, ocorram gargalos
na produção. Para ele, um eventual aumento dos juros pelo Banco Central neste mês não afetará o
crescimento de 2004 -mas, sim,
o de 2005. "Para 2004, o crescimento está dado, a não ser que
ocorra uma hecatombe", brincou.
"A expectativa de elevação dos
juros não é um estímulo à produção. Mas isso não vai influenciar o
resultado deste trimestre", declarou o coordenador. Ele lembrou
que alterações na taxa de juros só
produzem efeitos na economia
em um prazo de seis a oito meses.
Castelo Branco disse ainda que
neste ano a taxa Selic (taxa básica
de juros) manteve-se praticamente inalterada. "Não tivemos estímulo da política monetária para o
crescimento. Isso veio da demanda externa e do aumento da renda
das famílias", explicou.
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