São Paulo, sexta-feira, 10 de setembro de 2004

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Levy vê mais interesse de investidor no país

ÉRICA FRAGA
DE LONDRES

O interesse de investidores estrangeiros pelo Brasil é crescente, segundo o secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, que tem participado, nos últimos dias, de encontros com bancos e fundos europeus. Levy vê um cenário positivo para o país, mas afirma que é importante combater eventuais sinais de inflação que podem ameaçar o crescimento.
"Não posso dizer se há risco de inflação agora, o Banco Central pode responder isso melhor do que eu. Mas, certamente, a inflação pode ser um risco para o crescimento (...) Se você deixar a inflação se acelerar, as pessoas podem achar que você não está combatendo um risco potencial. Isso é assim em muitos países", disse Levy, antes de um encontro com outros representantes do governo brasileiro que estão em Londres para reuniões com membros do governo britânico.
Na última terça-feira, em uma palestra para investidores, em Londres, Levy e Alexandre Schwartsman, diretor de Assuntos Internacionais do BC, haviam ressaltado a importância de combater sinais de alta de preços. Schwartsman chegou a falar que o BC precisava empreender um esforço ainda maior para "desinflacionar" a economia do país.
Ontem, Levy afirmou que é importante que o governo mantenha as políticas macroeconômicas e a orientação de responsabilidade fiscal para que a confiança de investidores no país continue crescendo. Segundo ele, se isso não ocorre, podem ser gerados, inclusive, impactos inflacionários negativos.
De acordo com o secretário do Tesouro, quando investidores vêem a demanda doméstica crescer, em conseqüência da recuperação econômica, mas acreditam que a fase é temporária, podem subir preços para aproveitar o bom momento. Por outro lado, caso apostem em uma retomada de longo prazo, diz ele, a tendência é que os empresários prefiram manter os preços no mesmo patamar, lucrar com o aumento das vendas e investir de novo para aumentar a produção.
De forma geral, Levy disse que o apetite de investidores de fora pelo Brasil tem crescido:
"Temos percebido que os investidores têm se tornado cada vez mais interessados no Brasil", afirmou o secretário do Tesouro.
O resultado da emissão de 750 milhões anteontem, afirma ele, é uma confirmação disso.
"A resposta foi muito boa. Conseguimos aumentar o preço [o que significa que o governo vai pagar juros menores] e a quantidade dos papéis ofertados", diz.
Como o Brasil já cumpriu o cronograma de emissões de US$ 4 bilhões planejado para 2004, o mercado especula agora sobre as possibilidades de que o governo aproveite para fazer novas vendas de títulos a fim de levantar recursos para atender às necessidades de financiamento de 2005.
Segundo Levy, essa não é uma possibilidade descartada, mas, diz ele, ainda não há nada definido.


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