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Maior cliente é governo brasileiro, diz loja
Palácio do Planalto nega que B&H forneça equipamentos; estabelecimento diz fazer 2.000 vendas ao Brasil por mês
Empresa afirma ter preço competitivo porque pratica margem de lucro pequena e compra volumes grandes; iPod sai US$ 35 mais barato
DE NOVA YORK
O governo brasileiro é o
maior comprador de produtos
eletrônicos da B&H, e o Brasil é
o terceiro maior consumidor
da loja, atrás apenas dos EUA e
do Japão (segunda economia
mundial e maior fabricante de
tecnologia de ponta).
A informação foi passada na
sede da empresa em Nova York
pelo diretor de marketing Paul
Goodfriend e pelo responsável
de vendas para o Brasil, Eduardo Castanho.
Questionada pela Folha sobre quais órgãos da União seriam os maiores clientes, a
B&H informou, nesta ordem:
Palácio do Planalto, Força Aérea, universidades federais e
estaduais. Os principais produtos comprados seriam: equipamentos de foto, vídeo, cinema,
computação gráfica, multimídia e áudio profissional.
Procurada pela Folha, a assessoria de imprensa do Palácio do Planalto informou, na
última sexta-feira, que a B&H
"não consta como uma de suas
fornecedoras de produtos", diz.
A loja negou-se a revelar o
valor e o volume de vendas para o governo brasileiro. "Somos
uma empresa privada, de capital fechado", afirma Goodfriend. Emissoras privadas de
rádio e TV seriam os segundos
maiores compradores pessoa
jurídica, depois da União.
A B&H disse fechar cerca de
70 vendas diárias para pessoas
físicas no Brasil; média de
2.000 por mês. Outros 150 brasileiros freqüentam a loja, entre as ruas 33 e 34, na Nona
Avenida, por dia.
A demanda fez com que a diretoria empregasse 20 vendedores que falam português, a
maioria brasileiros. Na central
de atendimento, mais 15 dão
assistência em português. A ligação do Brasil para um número 0800 é gratuita.
"O Brasil tem sido um dos
países com mais visitantes na
loja. É um retorno natural. Por
isso nos dedicamos tanto em
português", diz Castanho.
"Estamos bem preparados
para vender à distância. É difícil dizer quanto exportamos
para o Brasil, mas nossa meta
diária é de mil câmeras digitais,
quase sempre atingida", completa ele.
Torre de Babel
A loja atende em mais dez
línguas, incluindo russo, romeno, francês, alemão, japonês,
espanhol, italiano, mandarim e
cantonês.
A B&H está entre as 500
maiores empresas dos EUA, segundo lista da revista "Fortune". A loja diz ter preços mais
competitivos do que os da concorrência porque a margem de
lucro é pequena, entre 4% e 7%,
e o volume comprado dos fornecedores, muito grande.
Um tocador de mp3 iPod, por
exemplo, custa US$ 35 menos
que na loja da Apple, a fabricante do produto. As concorrentes
Best Buy e Circuit City, que
anunciam cobrir ofertas de outras lojas, disseram à Folha não
poder bater a diferença da
B&H em um iPod, por estar
"abaixo do preço de custo".
Segundo Goodfriend, a B&H
compra todo o lote de lançamentos de fabricantes japoneses, de modo a serem os únicos
a vender um produto inédito
durante algumas semanas.
Maior loja de equipamentos
eletrônicos do mundo, a B&H
toma uma quadra inteira no
West Side, em Manhattan. Em
um ano dois novos pisos deverão ser inaugurados.
Calendário judaico
Empresa familiar, a loja foi
inaugurada há 33 anos pelo casal Blimi e Herschel Shreiber.
Daí a sigla. De origem israelita,
a B&H segue o calendário judaico. Abre em feriados americanos e fecha nas festividades
como Iom Kipur (Dia do Perdão) e Rosh Hashaná (Ano Novo). Em outubro, não funcionará por dez dias seguido devido
ao Sukot.
A maioria dos vendedores é
de judeus ortodoxos, que usam
barba longa, kipá e peiot (cachos nas laterais da cabeleira).
Às sextas, a loja fecha às 13h para guardar o Shabat. Não abre
aos sábados e volta a funcionar
aos domingos.
Entre os clientes ilustres da
loja física estão Pelé, Richard
Gere, Elizabeth Taylor e Sandy
& Júnior, que fizeram compras
na última quinta-feira. Por ano,
6 milhões de catálogos com
8.000 produtos são impressos e
distribuídos gratuitamente em
mais de cem países.
(VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO)
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