São Paulo, segunda-feira, 10 de setembro de 2007

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Investidores desconhecem risco de fundos

Preocupados com a rentabilidade, em geral os aplicadores não sabem quais títulos compõem as carteiras, afirmam consultores

Na opinião de economista, boa parte dos clientes não tem idéia de que, em tese, passou a correr mais riscos de crédito nos últimos anos

DA REPORTAGEM LOCAL

Cada vez mais um número maior de pessoas tem aplicado em fundos de investimentos. Mas, se o investidor brasileiro tem aprendido que pode ser vantajoso buscar diversificação e melhores retornos para suas economias, ainda não está preocupado em saber detalhadamente os riscos embutidos em cada fundo.
"Em geral, o investidor brasileiro não sabe que títulos há na carteira do fundo em que aplica e quais riscos que carrega. Normalmente, as pessoas não se interessam por isso, estando mais preocupadas apenas com a rentabilidade propiciada", diz o consultor financeiro e professor Mauro Halfeld.
"O investidor tem o direito de saber o que há no fundo em que aplica. Mas apenas quando ocorrem problemas mais graves é que se costuma correr atrás para tentar compreender o que aconteceu."
Um exemplo relativamente recente do que seria o maior risco representado pelo setor privado em relação ao público é o caso do Banco Santos.
Muitos fundos tinham em suas carteiras CDBs emitidos pela instituição financeira quando ela sofreu intervenção do BC no fim de 2004. Com sua falência, esses títulos perderam o valor que tinham e engoliram a rentabilidade das aplicações.
Os CDBs são emitidos pelos bancos e vendidos ao mercado. Esse título paga uma taxa de juros, e seu risco está diretamente ligado à saúde financeira da instituição. Se o banco quebrar, o valor do CDB irá evaporar, levando junto as economias de quem aplicou nele (ou em um fundo que o tinha).
Independentemente do fundo em que invista, o cliente tem o direito de pedir ao gestor detalhes da composição da carteira da aplicação. Essa é uma boa forma de ter uma idéia mais precisa do perfil do investimento que se está fazendo.
"O investidor pessoa física tem direito, mas não costuma se preocupar em saber o que há na composição da aplicação nem os riscos que cada título que está na carteira representam", afirma Pedro Paulo Silveira, economista da Gradual Corretora.
"Boa parte dos clientes não tem consciência de que passou nos últimos anos a correr, em tese, riscos maiores de crédito quando investe", diz Silveira.

Procura e oferta em alta
A diversificação do perfil das carteiras de investimentos fez com que crescesse nos últimos anos a demanda por títulos privados. Dessa forma, as emissões de papéis como debêntures e ações tiveram recentes picos históricos de volume ofertado no mercado.
Neste ano, já alcança os R$ 104 bilhões o volume de títulos (ações, debêntures, notas promissórias e outros) emitidos por empresas e bancos. Em todo o ano de 2006, foram lançados R$ 124,9 bilhões, segundo a CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Ou seja, ainda faltando quase quatro meses para o ano se encerrar, as emissões feitas em 2007 já representam 83% do resultado obtido em 2006 -que foi o ano com melhor desempenho da história.
O mercado acionário tem sido um importante destaque no ano. Foram 80 emissões de ações no ano até o momento -dentre estréias na Bolsa e papéis novos de companhias que já tinham capital aberto-, totalizando R$ 40,3 bilhões.
Esse volume acompanha o crescimento da participação dos fundos de ações na indústria de fundos brasileira.
Os fundos de ações representam atualmente 10,8% do mercado total, sendo este o maior percentual desde 1997.
(FABRICIO VIEIRA)


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