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Bolsa desaba 4,5% em dia de perda global
Commodities em baixa e temor de quebra de banco nos EUA assustam investidores; estrangeiro segue vendendo ações
Bovespa acumula queda de
13% no mês e desce a menor
nível desde agosto de 2007;
dólar tem alta, a R$ 1,772,
e risco-país avança 5,5%
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Dois dias depois do socorro
de até US$ 200 bilhões do governo dos EUA às gigantes imobiliárias do país, o mercado
acionário internacional viveu
ontem um de seus piores dias
do ano, com quedas generalizadas. Para a Bovespa, o recuo foi
de 4,5%, o que a levou aos
48.435 pontos. Desde agosto de
2007, a Bolsa não descia abaixo
dos 50 mil pontos.
O mercado de câmbio não se
isolou do pessimismo. O dólar
disparou 2,13%, para R$ 1,772.
À continuidade no processo
de depreciação das commodities -principalmente o petróleo- somou-se ontem o temor
de quebra do banco de investimento americano Lehman
Brothers. Com tantas incertezas, a ordem nos mercados tem
sido liquidar posições de maior
risco -como ações e ativos de
emergentes como o Brasil.
A queda da Bovespa no mês
alcança 13%. No ano, chega a
24,2%. Levantamento da Economática mostra que o valor de
mercado das companhias na
Bovespa desceu abaixo de US$
1 trilhão pela primeira vez em
mais de um ano, marcando ontem US$ 934 bilhões. Em maio,
mês de pico histórico para a
Bolsa paulista, essa cifra havia
superado US$ 1,4 trilhão.
Apesar do derretimento das
ações brasileiras, analistas não
se arriscam a falar quando poderá haver recuperação, pois o
cenário internacional ainda é
muito incerto e negativo.
As Bolsas nos EUA e na Europa, que haviam respirado na segunda com o pacote de Bush,
terminaram no vermelho. Em
Wall Street, o Dow Jones caiu
2,43%. A Nasdaq recuou 2,64%.
Como o mercado europeu
encerrou suas operações antes
da piora de ontem, acentuada
no fim da tarde, as Bolsas do
continente caíram menos intensamente -o que pode impor novo ajuste hoje. Em Londres, houve baixa de 0,56%;
Frankfurt caiu 0,48%. A Bolsa
de Moscou, muito dependente
de petróleo, caiu 9,08%.
"Temos de ver o mercado
brasileiro muito barato em relação aos outros para voltarmos a atrair [capital externo]. O
que não é o caso neste momento", diz Catarina Pedrosa, analista-chefe da Banif Securities.
A venda de ações brasileiras
pelos estrangeiros, que ocorre
desde junho, se acelerou na semana, segundo operadores. Até
sexta, o balanço das operações
dos estrangeiros no mês estava
negativo em R$ 290 milhões
-entre junho a agosto, cerca de
R$ 17 bilhões saíram da Bolsa
de Valores.
Num cenário de queda das
commodities e aumento da
aversão ao risco, os estrangeiros, fundamentais para a Bovespa, não têm hesitado em
vender ações de empresas como Petrobras e Vale.
Com a queda de 2,9% no barril de petróleo em Nova York, a
ação PN da Petrobras desabou
6,3%. O papel PN da Gerdau
caiu 7,85%, seguido de Vale
PNA (-4,33%). Em Nova York,
os ADRs (recibos de ações de
estrangeiras) da Petrobras perderam 10,6%; os da Vale caíram
6,9%. "O pregão foi um massacre. O investidor estrangeiro
segue perdendo muito dinheiro
lá fora, e a alternativa tem sido
a de fazer caixa em outros mercados, como o brasileiro. Nesse
cenário, o fluxo de recursos para o Brasil tem sido praticamente zero", diz George Sanders, gestor de renda variável
da Infinity Asset Management.
Os títulos da dívida brasileira
no exterior também perdem, o
que se reflete no risco-país, que
ontem subiu 5,5%, a 268 pontos -maior patamar desde
abril, antes de o país ser elevado
ao grau de investimento.
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