São Paulo, quarta-feira, 10 de setembro de 2008

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Concessão do trem-bala entre SP e Rio será em março

Governo quer operação para a Copa do Mundo de 2014

AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL

O leilão de concessão do primeiro trem de alta velocidade do Brasil, ligando Rio de Janeiro a São Paulo, além do aeroporto de Viracopos, em Campinas, ocorrerá em março de 2009, daqui a sete meses. A pressa é dada pelo governo federal, que trabalha com a perspectiva de ter o trem-bala em operação na Copa do Mundo de 2014. A informação é de Henrique Amarante da Costa Pinto, superintendente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
O BNDES e o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) estruturam o projeto para entregá-lo ao governo pronto para a concessão. A ANTT (Agência Nacional dos Transportes Terrestres), que será responsável pelo processo de concessão, deve divulgar nos próximos dias informações para os grupos interessados em disputar o leilão.
O projeto tem apenas custo estimado de R$ 20 bilhões, mas esse não é ainda o valor definitivo. Segundo Costa Pinto, a definição final do traçado dos cerca de 500 quilômetros de linha será fundamental para estimar o custo da obra. "A linha representa entre 70% e 80% do valor final do empreendimento."
A previsão é que o traçado final seja definido nas próximas semanas. O grupo trabalha neste momento em imagens de satélites para desenhar o trajeto e indicar o número de túneis e pontes que serão necessários.
A tecnologia de imagens orbitais de alta resolução deve propiciar redução importante do custo final da obra. "São tecnologias que não estavam disponíveis há alguns anos, quando o projeto do qual partimos foi feito", disse Costa Pinto.
Todo o estudo do trem-bala não partiu da "estaca zero", disse. Um trabalho desenvolvido pelo Geipot (Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes) em parceira com o governo alemão foi concluído em 2001. Esse mesmo projeto serviu de base para esses novos estudos. "Usamos o projeto básico anterior, mas agora utilizamos ferramentas que não estavam disponíveis naquela época. Essas tecnologias de projeto e de novas linhas e material rodante podem resultar numa redução de custos no final", afirmou Costa Pinto.

Velocidade
Em outubro, o grupo pretende definir um parâmetro fundamental do projeto: o tempo de viagem entre Rio de Janeiro, São Paulo e Campinas. De acordo com Costa Pinto, a partir do tempo de viagem é que será definida a velocidade do trem.
Em princípio, a idéia é estipular o tempo entre uma hora e meia e duas horas para a viagem entre São Paulo e Rio de Janeiro. A viagem entre São Paulo e Campinas pode ficar em 30 minutos. A indicação é a de que a velocidade média das composições seja de pelo menos 200 km/h.
A taxa de retorno para o concessionário é outro ponto em fase de definição. Isso dependerá da avaliação de risco do empreendimento e do nível de demanda pelo serviço. Um estudo para identificar os potenciais passageiros está sendo elaborado neste momento.
Dada a rapidez com que o governo federal quer leiloar a obra, o projeto básico em desenvolvimento não terá ainda a licença prévia do Ibama. Mas, mesmo assim, Costa Pinto diz não acreditar em problemas para o licenciamento da obra.
O Ministério de Meio Ambiente e o Ibama participam das discussões do empreendimento. Tanto o BNDES quanto o BID devem apresentar o projeto básico com o termo de referência e a documentação necessária para o processo de licenciamento.


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