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Punição a chineses vai encarecer tênis nas lojas brasileiras
Brasil aponta dumping e decide sobretaxar calçados do país asiático; fabricantes nacionais comemoram
EDUARDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os calçados importados da
China ficarão mais caros nas
prateleiras das lojas brasileiras.
Decisão da Camex (Câmara de
Comércio Exterior) determinou a sobretaxação provisória
de US$ 12,47 para cada par fabricado no país asiático, após
investigações apontarem que
os chineses exportam esses
produtos a preços inferiores ao
praticados internamente, prejudicando a indústria nacional.
A medida terá validade de
seis meses, mas o processo que
definirá uma alíquota definitiva deve ser encerrado antes do
fim do ano. A análise técnica do
relatório de 35 mil páginas produzido pelo Ministério do Desenvolvimento apontou um direito de sobretaxação de US$
18,44, mas a decisão final será
tomada apenas em dezembro.
Publicada ontem no "Diário
Oficial da União", a resolução
da Camex não atinge calçados
que representam parcelas muito pequenas nas importações
brasileiras, como sandálias de
praia e alpercatas de couro,
pantufas e sapatos de bebês.
Também estão livres da taxação os calçados descartáveis e
utilizados como itens de segurança em fábricas.
Para o presidente da Abicalçados (Associação Brasileira
das Indústrias de Calçados),
Milton Cardoso, a resolução,
ainda que provisória, representa um avanço ao restabelecer
condições para que o setor possa resistir à invasão chinesa e
voltar a gerar empregos. "Apenas no último trimestre do ano
passado, perdemos 42 mil postos de trabalho. Com a conclusão do processo, em um ano podemos criar 60 mil vagas."
Segundo a entidade, o preço
médio dos calçados chineses no
desembarque ao longo de 2009
foi de US$ 7,03. Com a sobretaxação, esse valor quase triplicará. Cardoso confirmou que o
Vietnã será o próximo país a ser
denunciado por prática desleal.
A medida antidumping contra produtos chineses também
poupou sapatilhas de dança e
calçados utilizados exclusivamente para a prática de alguns
esportes, como boxe e ciclismo.
No entanto, para o descontentamento das maiores multinacionais do segmento, alíquota
maior vale para os tênis de alto
desempenho, que atualmente
custam aos consumidores brasileiros cerca de R$ 500.
Os fabricantes argumentam
que esses calçados já entram no
país com taxa de 35%, a maior
permitida pela OMC (Organização Mundial do Comércio)
em condições normais de concorrência. Para empresários do
setor, a alíquota adicional, como punição por um suposto
movimento desleal, acabaria
prejudicando os usuários.
Além de afirmarem que a escala de consumo não justifica a
fabricação desses tênis no país,
os grandes grupos internacionais alegam que a indústria nacional não seria capaz de produzi-los internamente. Além
disso, processos semelhantes
contra sapatos chineses na
União Europeia e na Argentina
não teriam resultado em sobretaxa para calçados esportivos.
Mas, segundo Cardoso, por
ter o terceiro maior parque fabril do setor e ser o quinto consumidor mundial do produto, o
país tem como produzir qualquer modelo do mercado.
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