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São Paulo, sexta-feira, 10 de outubro de 2003

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ANO DO DRAGÃO

Altas dos alimentos e das tarifas públicas elevam inflação do mês passado, mas IBGE não vê descontrole

IPCA dobra em setembro e bate 8% no ano


PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Por causa das altas dos alimentos e das tarifas públicas, a inflação de setembro, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), subiu para 0,78% (a maior desde o 0,97% de abril). Em agosto, a taxa havia sido 0,44 ponto percentual menor: 0,34%.
Com o resultado, o índice oficial do governo atingiu 8,05% no acumulado do ano, apenas 0,45 ponto abaixo da meta ajustada para o ano todo, de 8,50%.
Apesar do aumento, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) considera que não há descontrole inflacionário, pois foram poucos os preços responsáveis pela alta. São eles: tarifas de telefone e água e esgoto, combustíveis e alguns alimentos (carnes).
"Não se trata de aumento generalizado. O que subiu foi uma lista pequena de produtos. O problema é que eles têm um peso grande", disse Eulina Nunes dos Santos, gerente dos índices de preços do IBGE.
Especialistas ouvidos pela Folha dizem que, apesar do "estouro" quase certo da meta, a trajetória da inflação nos próximos meses é declinante. Motivo: em setembro houve uma grande concentração de reajustes de tarifas combinada com forte entressafra, que fez subir os preços de determinados alimentos. Essas pressões não devem se repetir até o final do ano.
Diferentemente dos repiques inflacionários do fim do ano passado e do início deste, o aumento de setembro não preocupa tanto.
"Foram aumentos temporários, que não vão se repetir. Essa alta não representa uma tendência", afirmou Marcela Prada, economista da Tendências Consultoria.

Núcleo sob controle
Um sinal de que o IPCA está sob controle é o comportamento do núcleo da inflação, disse Prada. Segundo ela, o cálculo do núcleo (que exclui alimentos, tarifas e preços administrados -os mais sensíveis a oscilações bruscas) ficou em 0,36%, no mesmo nível do registrado em agosto (0,37%).
Marco Aurélio Franklin, da administradora de recursos ARX, discorda. Ele diz que foi realmente a entressafra que "pesou" e fez a inflação subir, mas considera que neste mês os preços dos alimentos continuarão pressionados por causa da estiagem.
Em setembro, o produto que mais pressionou o IPCA foi a carne, devido aos pastos secos. Com impacto de 0,12 ponto percentual no IPCA, seu preço teve alta de 4,3%. Os alimentos tiveram alta média de 0,78% (0,18 ponto).
Também se destacou o aumento de 1,61% da gasolina, cujo peso foi de 0,07 ponto. Já o telefone subiu 2,45% -ou 0,08 ponto de contribuição. Por causa do reajuste em São Paulo, as tarifas de água e esgoto tiveram alta de 6,3% -ou 0,11 ponto a mais na taxa.
"Não vejo sinais de arrefecimento dos preços dos alimentos. Pelo contrário. As carnes vão continuar subindo e a soja, já em alta no atacado, vai aumentar também no varejo. O que vai dar um pequeno alívio é que não haverá aumentos importantes de tarifas", afirmou Franklin.
Divulgada anteontem, a primeira prévia do IGP-M deste mês aponta para uma desaceleração dos preços tanto no atacado (60% do índice) como no varejo. O índice ficou em 0,37% (0,69% em igual período de setembro).


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