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ANO DO DRAGÃO
Altas dos alimentos e das tarifas públicas elevam inflação do mês passado, mas IBGE não vê descontrole
IPCA dobra em setembro e bate 8% no ano
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Por causa das altas dos alimentos e das tarifas públicas, a inflação de setembro, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), subiu para 0,78%
(a maior desde o 0,97% de abril).
Em agosto, a taxa havia sido 0,44
ponto percentual menor: 0,34%.
Com o resultado, o índice oficial
do governo atingiu 8,05% no acumulado do ano, apenas 0,45 ponto abaixo da meta ajustada para o
ano todo, de 8,50%.
Apesar do aumento, o IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística) considera que não
há descontrole inflacionário, pois
foram poucos os preços responsáveis pela alta. São eles: tarifas de
telefone e água e esgoto, combustíveis e alguns alimentos (carnes).
"Não se trata de aumento generalizado. O que subiu foi uma lista
pequena de produtos. O problema é que eles têm um peso grande", disse Eulina Nunes dos Santos, gerente dos índices de preços
do IBGE.
Especialistas ouvidos pela Folha
dizem que, apesar do "estouro"
quase certo da meta, a trajetória
da inflação nos próximos meses é
declinante. Motivo: em setembro
houve uma grande concentração
de reajustes de tarifas combinada
com forte entressafra, que fez subir os preços de determinados alimentos. Essas pressões não devem se repetir até o final do ano.
Diferentemente dos repiques
inflacionários do fim do ano passado e do início deste, o aumento
de setembro não preocupa tanto.
"Foram aumentos temporários,
que não vão se repetir. Essa alta
não representa uma tendência",
afirmou Marcela Prada, economista da Tendências Consultoria.
Núcleo sob controle
Um sinal de que o IPCA está sob
controle é o comportamento do
núcleo da inflação, disse Prada.
Segundo ela, o cálculo do núcleo
(que exclui alimentos, tarifas e
preços administrados -os mais
sensíveis a oscilações bruscas) ficou em 0,36%, no mesmo nível do
registrado em agosto (0,37%).
Marco Aurélio Franklin, da administradora de recursos ARX,
discorda. Ele diz que foi realmente a entressafra que "pesou" e fez a
inflação subir, mas considera que
neste mês os preços dos alimentos
continuarão pressionados por
causa da estiagem.
Em setembro, o produto que
mais pressionou o IPCA foi a carne, devido aos pastos secos. Com
impacto de 0,12 ponto percentual
no IPCA, seu preço teve alta de
4,3%. Os alimentos tiveram alta
média de 0,78% (0,18 ponto).
Também se destacou o aumento de 1,61% da gasolina, cujo peso
foi de 0,07 ponto. Já o telefone subiu 2,45% -ou 0,08 ponto de
contribuição. Por causa do reajuste em São Paulo, as tarifas de água
e esgoto tiveram alta de 6,3%
-ou 0,11 ponto a mais na taxa.
"Não vejo sinais de arrefecimento dos preços dos alimentos.
Pelo contrário. As carnes vão continuar subindo e a soja, já em alta
no atacado, vai aumentar também no varejo. O que vai dar um
pequeno alívio é que não haverá
aumentos importantes de tarifas", afirmou Franklin.
Divulgada anteontem, a primeira prévia do IGP-M deste mês
aponta para uma desaceleração
dos preços tanto no atacado (60%
do índice) como no varejo. O índice ficou em 0,37% (0,69% em
igual período de setembro).
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