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São Paulo, sexta-feira, 10 de outubro de 2003

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MERCADO FINANCEIRO

Com o negócio de US$ 815 mi, banco fica com a financeira Losango e assume 9ª posição no ranking do Brasil

HSBC compra Lloyds de olho no consumo

CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL

O banco HSBC comprou ontem por US$ 815 milhões (R$ 2,32 bilhões) todas as ações no Brasil do inglês Lloyds Bank, que deixará de operar no país. Com a aquisição, o HSBC passa da 10ª para a 9ª posição no ranking das maiores instituições financeiras do Brasil.
A compra permitirá que o HSBC assuma posição de liderança no setor de crédito ao consumo, no qual o banco praticamente não atua hoje. O ativo do Lloyds mais cobiçado na operação é a financeira Losango, que disputa com a Fininvest, do Unibanco, o posto de maior do país.
A Losango trabalha com 16 mil lojas no Brasil, tem 7,5 milhões de clientes ativos e uma carteira de crédito de R$ 2,3 bilhões. Com a aquisição, o HSBC dá mostras de acreditar no aumento do consumo e na queda dos juros, que facilitaria o crédito ao consumidor.
"Acreditamos que o Brasil tenha potencial imenso de crescimento nos próximos dez anos e esperamos a ascensão de novas classes sociais. Por isso, queremos estar bem posicionados na área de crédito ao consumo", afirmou Emilson Alonso, executivo-chefe do banco no Brasil, em entrevista coletiva na qual a compra foi anunciada.

"Sinergia"
Segundo ele, o número de clientes da Losango poderá dobrar de três a quatro anos. Para atingir esse objetivo, o HSBC conta com sua própria estrutura e clientes. Michael Geoghegan, diretor-geral do HSBC na América Latina e presidente da instituição no Brasil, disse que o banco tem entre seus clientes 70 mil empresas de varejo e serviços que são potenciais usuários da Losango.
Além disso, haverá "sinergia" entre as instituições e os serviços da financeira serão oferecidos nas 900 agências e 600 postos de atendimento que o HSBC tem no país.
Os R$ 2,3 bilhões de volume de financiamento da Losango equivalem a 38% da carteira de crédito que o HSBC tem hoje, de R$ 6 bilhões. Geoghegan disse que a marca Losango e os funcionários da empresa serão mantidos.
Apesar de elevar os ativos do HSBC de R$ 22,9 bilhões para R$ 29 bilhões, a compra não muda a posição dos grandes bancos privados de varejo, uma área em que o Lloyds não atuava. O HSBC continua na sexta posição, atrás de Bradesco, Itaú, Unibanco, Santander e ABN-Amro.
Para os analistas Erivelto Rodrigues, da Austin Asis, e Alberto Borges Matías, da ABM Consulting, o negócio é uma forte indicação de que o HSBC vai permanecer no Brasil. "A grande notícia é que o investimento mostra para o mercado que o HSBC veio para ficar, diferentemente da posição do BBVA, que acabou vendido para o Bradesco", afirmou Matías.
Esse foi um dos pontos que Geoghegan fez questão de ressaltar durante o anúncio da operação que, segundo ele, foi fechada às 5h45 de ontem. "Estamos no Brasil para crescer", destacou. O executivo disse que o Brasil está hoje entre os quatro países prioritários para a expansão mundial do HSBC nos próximos três a cinco anos, ao lado de China, Índia e México. Alonso, CEO do banco, disse que prevê 4% de crescimento ao ano para a economia brasileira a partir de 2004.

US$ 1 trilhão
Os executivos evitaram dizer se novas aquisições estão nos planos do HSBC, mas também não as descartaram. Ressaltaram que o HSBC tem ativos de US$ 1 trilhão em todo o mundo.
Rodrigues acredita que outros bancos estrangeiros deixarão o Brasil nos próximos anos, por não terem conseguido ser competitivos nas operações de varejo. Uma das principais dificuldades que enfrentaram é a forte concorrência dos grandes bancos nacionais, que dominam esse mercado.
Além da Losango, o HSBC assumirá a carteira de empréstimos diretos que o Lloyds na Inglaterra concedeu a empresas brasileiras. Essa parte do negócio corresponde a US$ 220 milhões dos US$ 815 milhões da compra.

Exportações
O HSBC também ficará com as linhas de crédito às exportações brasileiras que o Lloyds possuía. Geoghegan se recusou a dizer o valor desses ativos, mas afirmou que a compra mais que dobra a posição do HSBC no financiamento às exportações brasileiras.
O executivo afirmou que o HSBC é responsável por 6% de todo o crédito ao comércio internacional no mundo. Ao dobrar sua exposição nessas operações, o banco também indica que espera elevação das vendas externas do Brasil. "O Brasil está exportando muito", afirmou.


Colaborou Claudia Rolli, da Reportagem Local


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