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MERCADO FINANCEIRO
Com o negócio de US$ 815 mi, banco fica com a financeira Losango e assume 9ª posição no ranking do Brasil
HSBC compra Lloyds de olho no consumo
CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL
O banco HSBC comprou ontem
por US$ 815 milhões (R$ 2,32 bilhões) todas as ações no Brasil do
inglês Lloyds Bank, que deixará
de operar no país. Com a aquisição, o HSBC passa da 10ª para a 9ª
posição no ranking das maiores
instituições financeiras do Brasil.
A compra permitirá que o
HSBC assuma posição de liderança no setor de crédito ao consumo, no qual o banco praticamente não atua hoje. O ativo do Lloyds
mais cobiçado na operação é a financeira Losango, que disputa
com a Fininvest, do Unibanco, o
posto de maior do país.
A Losango trabalha com 16 mil
lojas no Brasil, tem 7,5 milhões de
clientes ativos e uma carteira de
crédito de R$ 2,3 bilhões. Com a
aquisição, o HSBC dá mostras de
acreditar no aumento do consumo e na queda dos juros, que facilitaria o crédito ao consumidor.
"Acreditamos que o Brasil tenha potencial imenso de crescimento nos próximos dez anos e
esperamos a ascensão de novas
classes sociais. Por isso, queremos
estar bem posicionados na área
de crédito ao consumo", afirmou
Emilson Alonso, executivo-chefe
do banco no Brasil, em entrevista
coletiva na qual a compra foi
anunciada.
"Sinergia"
Segundo ele, o número de clientes da Losango poderá dobrar de
três a quatro anos. Para atingir esse objetivo, o HSBC conta com
sua própria estrutura e clientes.
Michael Geoghegan, diretor-geral
do HSBC na América Latina e
presidente da instituição no Brasil, disse que o banco tem entre
seus clientes 70 mil empresas de
varejo e serviços que são potenciais usuários da Losango.
Além disso, haverá "sinergia"
entre as instituições e os serviços
da financeira serão oferecidos nas
900 agências e 600 postos de atendimento que o HSBC tem no país.
Os R$ 2,3 bilhões de volume de
financiamento da Losango equivalem a 38% da carteira de crédito
que o HSBC tem hoje, de R$ 6 bilhões. Geoghegan disse que a
marca Losango e os funcionários
da empresa serão mantidos.
Apesar de elevar os ativos do
HSBC de R$ 22,9 bilhões para R$
29 bilhões, a compra não muda a
posição dos grandes bancos privados de varejo, uma área em que
o Lloyds não atuava. O HSBC
continua na sexta posição, atrás
de Bradesco, Itaú, Unibanco, Santander e ABN-Amro.
Para os analistas Erivelto Rodrigues, da Austin Asis, e Alberto
Borges Matías, da ABM Consulting, o negócio é uma forte indicação de que o HSBC vai permanecer no Brasil. "A grande notícia é
que o investimento mostra para o
mercado que o HSBC veio para ficar, diferentemente da posição do
BBVA, que acabou vendido para
o Bradesco", afirmou Matías.
Esse foi um dos pontos que
Geoghegan fez questão de ressaltar durante o anúncio da operação que, segundo ele, foi fechada
às 5h45 de ontem. "Estamos no
Brasil para crescer", destacou. O
executivo disse que o Brasil está
hoje entre os quatro países prioritários para a expansão mundial
do HSBC nos próximos três a cinco anos, ao lado de China, Índia e
México. Alonso, CEO do banco,
disse que prevê 4% de crescimento ao ano para a economia brasileira a partir de 2004.
US$ 1 trilhão
Os executivos evitaram dizer se
novas aquisições estão nos planos
do HSBC, mas também não as
descartaram. Ressaltaram que o
HSBC tem ativos de US$ 1 trilhão
em todo o mundo.
Rodrigues acredita que outros
bancos estrangeiros deixarão o
Brasil nos próximos anos, por não
terem conseguido ser competitivos nas operações de varejo. Uma
das principais dificuldades que
enfrentaram é a forte concorrência dos grandes bancos nacionais,
que dominam esse mercado.
Além da Losango, o HSBC assumirá a carteira de empréstimos
diretos que o Lloyds na Inglaterra
concedeu a empresas brasileiras.
Essa parte do negócio corresponde a US$ 220 milhões dos US$ 815
milhões da compra.
Exportações
O HSBC também ficará com as
linhas de crédito às exportações
brasileiras que o Lloyds possuía.
Geoghegan se recusou a dizer o
valor desses ativos, mas afirmou
que a compra mais que dobra a
posição do HSBC no financiamento às exportações brasileiras.
O executivo afirmou que o
HSBC é responsável por 6% de todo o crédito ao comércio internacional no mundo. Ao dobrar sua
exposição nessas operações, o
banco também indica que espera
elevação das vendas externas do
Brasil. "O Brasil está exportando
muito", afirmou.
Colaborou Claudia Rolli,
da Reportagem Local
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