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FMI alerta para riscos da crise imobiliária
Mundo vive momento único de crescimento, mas "perspectivas de estabilidade futura não devem ser tomadas como certeza", diz Fundo
Por conta das turbulências
originadas no mercado de
hipotecas, organismo deve
revisar para baixo estimativa
de expansão global para 2008
DENYSE GODOY
DE NOVA YORK
Com grande taxa de crescimento, baixa inflação e queda
da volatilidade, a economia
mundial vive momento único,
segundo o FMI (Fundo Monetário Internacional), devido às
políticas macroeconômicas
adotadas e a um ambiente institucional mais seguro. Na
comparação com outro período
positivo, os anos 60, o que torna a atual fase especial são a
maior estabilidade e o fato de
que, em geral, todos os países
participam do progresso.
Isso não significa, porém,
que dê para relaxar: a crise no
mercado imobiliário americano, que estourou há pouco mais
de dois meses, é uma das ameaças a esse cenário. "Embora o
ciclo econômico tenha mudado
para melhor, as autoridades devem se lembrar de que ele não
desapareceu. As perspectivas
de estabilidade futura não devem ser tomadas como certeza
[pois ainda há a possibilidade
de uma recessão suceder a bonança]", diz o Fundo na mais
recente edição do relatório semestral Panorama Econômico
Mundial, do qual foram divulgados ontem alguns capítulos.
O relatório lembra que, no
passado, entre os fatores que fizeram o crescimento global diminuir o ritmo, estão os que
provocaram recessão da economia dos EUA. Agora, as autoridades precisam se adaptar aos
novos desafios trazidos pela
globalização, "porque esse processo pode ter gerado novas
vulnerabilidades -por exemplo, as perdas associadas à
grande concentração de investimentos no mercado americano de hipotecas "subprime" [de
alto risco] provocaram nervosismo no setor bancário em várias economias avançadas, fazendo aumentar as preocupações com uma crise de crédito".
Segundo o "Wall Street Journal", que cita uma fonte do
FMI, por conta dessas turbulências, a entidade anunciará,
na próxima semana, uma revisão para baixo das suas previsões para a elevação do PIB
(Produto Interno Bruto) mundial em 2008: a estimativa passa de 5,2% para 4,8%. A projeção para os EUA será cortada
de 2,8% para 1,9%; a do Canadá,
de 2,8% para 2,3%; a da zona do
euro, de 2,5% para 2,1%; E a da
China, de 10,5% para 10%. As
projeções anteriores haviam sido informadas em julho.
América Latina
"Confiança exagerada na capacidade de o atual sistema garantir estabilidade indefinidamente com certeza não é recomendada", destaca o relatório
do FMI. Esse alerta é endereçado especialmente a países como o Brasil e o México, cujas
deficiências estruturais os impediram de sustentar um crescimento sólido no passado.
Eles também já sofreram bastante com crises fiscais e cambiais, as quais causaram volatilidade por longos períodos. "A
instabilidade das economias
em desenvolvimento apresenta
tendência de convergir para a
média global. No entanto, vulnerabilidades que não são resolvidas podem fazer as recessões piorarem, como aconteceu
no Brasil, no México e na Coréia", acrescenta o documento.
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