São Paulo, quarta-feira, 10 de outubro de 2007

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FMI alerta para riscos da crise imobiliária

Mundo vive momento único de crescimento, mas "perspectivas de estabilidade futura não devem ser tomadas como certeza", diz Fundo

Por conta das turbulências originadas no mercado de hipotecas, organismo deve revisar para baixo estimativa de expansão global para 2008

DENYSE GODOY
DE NOVA YORK

Com grande taxa de crescimento, baixa inflação e queda da volatilidade, a economia mundial vive momento único, segundo o FMI (Fundo Monetário Internacional), devido às políticas macroeconômicas adotadas e a um ambiente institucional mais seguro. Na comparação com outro período positivo, os anos 60, o que torna a atual fase especial são a maior estabilidade e o fato de que, em geral, todos os países participam do progresso.
Isso não significa, porém, que dê para relaxar: a crise no mercado imobiliário americano, que estourou há pouco mais de dois meses, é uma das ameaças a esse cenário. "Embora o ciclo econômico tenha mudado para melhor, as autoridades devem se lembrar de que ele não desapareceu. As perspectivas de estabilidade futura não devem ser tomadas como certeza [pois ainda há a possibilidade de uma recessão suceder a bonança]", diz o Fundo na mais recente edição do relatório semestral Panorama Econômico Mundial, do qual foram divulgados ontem alguns capítulos.
O relatório lembra que, no passado, entre os fatores que fizeram o crescimento global diminuir o ritmo, estão os que provocaram recessão da economia dos EUA. Agora, as autoridades precisam se adaptar aos novos desafios trazidos pela globalização, "porque esse processo pode ter gerado novas vulnerabilidades -por exemplo, as perdas associadas à grande concentração de investimentos no mercado americano de hipotecas "subprime" [de alto risco] provocaram nervosismo no setor bancário em várias economias avançadas, fazendo aumentar as preocupações com uma crise de crédito".
Segundo o "Wall Street Journal", que cita uma fonte do FMI, por conta dessas turbulências, a entidade anunciará, na próxima semana, uma revisão para baixo das suas previsões para a elevação do PIB (Produto Interno Bruto) mundial em 2008: a estimativa passa de 5,2% para 4,8%. A projeção para os EUA será cortada de 2,8% para 1,9%; a do Canadá, de 2,8% para 2,3%; a da zona do euro, de 2,5% para 2,1%; E a da China, de 10,5% para 10%. As projeções anteriores haviam sido informadas em julho.

América Latina
"Confiança exagerada na capacidade de o atual sistema garantir estabilidade indefinidamente com certeza não é recomendada", destaca o relatório do FMI. Esse alerta é endereçado especialmente a países como o Brasil e o México, cujas deficiências estruturais os impediram de sustentar um crescimento sólido no passado. Eles também já sofreram bastante com crises fiscais e cambiais, as quais causaram volatilidade por longos períodos. "A instabilidade das economias em desenvolvimento apresenta tendência de convergir para a média global. No entanto, vulnerabilidades que não são resolvidas podem fazer as recessões piorarem, como aconteceu no Brasil, no México e na Coréia", acrescenta o documento.


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