São Paulo, quarta-feira, 10 de outubro de 2007

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Montadoras vão investir US$ 15 bi, diz Miguel Jorge

Mercado interno é principal motivo para a expansão

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Impulsionada pela expansão do mercado interno, a indústria automobilística investirá US$ 15 bilhões nos próximos três anos em novos modelos, expansão de unidades e novas fábricas, informou ontem o ministro Miguel Jorge (Desenvolvimento). Tais investimentos, diz, vão elevar a capacidade de produção de veículos do país de 3,5 milhões de unidades anuais neste ano para 5 milhões entre 2010 e 2011.
O aquecimento do mercado interno é o principal motor da indústria automobilística, que se beneficia da queda dos juros. "Os prazos dos financiamentos se ampliaram muito", disse o ministro, que visitou ontem as novas instalações do Inpi (Instituto Nacional de Propriedade Industrial), no Rio.
Segundo Jorge, o BNDES está disposto a financiar projetos de expansão do setor. Em setembro, o banco estatal emprestou R$ 600 milhões à montadora italiana Fiat, que usará os recursos no lançamento de novos modelos e em melhorias em suas linhas de produção. O investimento total é de R$ 1,2 bilhão, segundo o BNDES.
Sem citar o nome da empresa, Jorge disse que a tomadora desse crédito já apresentou outro projeto de investimento no banco, que está sob análise. Neste ano, o BNDES emprestou R$ 681,5 milhões ao setor em três diferentes operações. Em 2006, os financiamentos somaram R$ 1 bilhão, distribuídos em oito contratos.
O incremento do consumo doméstico, avaliou, compensa o efeito negativo do câmbio, que fez cair as exportações do setor. "O câmbio reduziu as exportações de automóveis e aumentou as importações. Mas as empresas estão importando para atender a determinados nichos de mercado."
Jorge acredita que, apesar da valorização do real, o setor continuará investindo. Já existem, segundo ele, empresas negociando com governos estaduais a implantação de novas unidades de produção. Ele evitou falar os nomes das empresas.
De acordo com o ministro, que fez carreira no setor automobilístico, o setor é o "melhor exemplo" de que a capacidade instalada da indústria está próxima ao limite.
Um sinal, de acordo com o ministro, é o fato de "todas as empresas já terem contratado jornadas extras com os sindicatos" nos sábados e nos feriados até o final do ano. Ele não vê, porém, um cenário de pressão de preços, já que estão sendo feitos investimentos.
Quanto estiver com capacidade instalada de 5 milhões de veículos, Jorge estima que o mercado interno vai absorver de 80% a 90% da produção adicional. A ampliação, diz, terá impacto ainda na "capacidade de competir" do setor, que ganhará "economia de escala" e produtividade.

Saldo comercial
Ele disse ainda estar mais "pessimista" sobre a evolução da balança comercial do que os especialistas. Ele espera um superávit neste ano de US$ 40 bilhões, abaixo dos US$ 42 bilhões projetados por instituições, consultorias e entidades do setor.
Para o ministro, tal cenário não é um problema, pois o país aproveita hoje o câmbio favorável às compras no exterior para adquirir máquinas e equipamentos, melhorando assim sua capacidade produtiva.
"É ainda um saldo extraordinário principalmente porque temos essa importação virtuosa, de qualidade. Não estamos importando chiclete como aconteceu na abertura dos anos 90, que foi desenfreada e descuidada. Estamos importando máquinas e equipamentos", disse Jorge.


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