São Paulo, sexta-feira, 10 de outubro de 2008

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

BC também deve cortar juro, diz economista

Apesar da ação do Banco Central na redução do empréstimo compulsório dos bancos brasileiros, é necessária uma queda na taxa básica de juros para estimular investimentos produtivos. A afirmação é do economista e professor da PUC Antonio Corrêa de Lacerda.
Para ele, a inflação não deve mais ser argumento para novas elevações de juros. "A queda das commodities no mercado internacional e o desaquecimento da demanda interna pela menor oferta de crédito eliminam pressões inflacionárias futuras, abrindo espaço para recuo da Selic."
Apesar dos pedidos para a redução da Selic, Lacerda elogiou a atuação do BC nos compulsórios. "É uma medida positiva para dar mais flexibilidade ao sistema, em linha com o que têm feito os BCs mundo afora."
A atuação do Banco Central no sistema de metas, a política fiscal brasileira e a estabilidade da economia são os grandes argumentos do governo para convencer autoridades internacionais e investidores de que o Brasil está preparado para enfrentar a crise econômica.
O ministro Guido Mantega (Fazenda) vai distribuir a revista "Brasil - Economia Sustentável", elaborada pelo Ministério da Fazenda, na reunião de amanhã do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do G20 financeiro, grupo que reúne os líderes econômicos dos países emergentes e presidido por Mantega.
Com 25 páginas e textos em português e inglês, a revista traz na capa a imagem de um navio atravessando um mar agitado e, no interior, reportagens sobre investimentos, crescimento e estabilidade econômica do país.
O conteúdo apresenta o Brasil como um país com economia sólida e um ambiente seguro para receber investimentos dentro da conjuntura de crise econômica internacional.
No editorial, no entanto, Mantega reconhece que o Brasil não é uma "ilha isolada em meio a uma das maiores crises financeiras da história", mas ressalta a solidez e a estabilidade do sistema financeiro brasileiro.
"A solução do governo Lula para a crise é consolidar nosso ciclo de desenvolvimento sustentado", afirma Mantega no texto.

MAGRINHO
O setor de varejo já admite que o crescimento das vendas no Natal possa ficar abaixo da projeção de 8,5% em razão da crise econômica. "O Natal pode deixar de ser ótimo e ser apenas bom. Mas não será ruim", afirma Emerson Kapaz (IDV). De acordo com ele, eventuais restrições ao crédito aos consumidores são prejudiciais ao setor.

TEMOR
Para a ACSP (Associação Comercial de São Paulo), os reflexos da crise já podem ser notados nas ofertas das grandes redes varejistas. O medo da inadimplência fez com que elas focassem as liquidações em preços menores, e não em prazos maiores de pagamento, como fizeram no ano passado.

NA MESMA TECLA
Em evento com empresários e executivos brasileiros realizado nesta semana em Portugal, o senador Aloizio Mercadante identificou três preocupações: "Câmbio, câmbio e câmbio".

NA PAUTA
A crise já modificou a pauta dos eventos empresariais. Roberto Cocenza, organizador do Boom SP Design, seminário que reunirá empresários do setor nos dias 23 e 24, em SP, já entrou em contato com os palestrantes para abordarem o tema. "Teremos espectadores que estão sendo afetados diretamente. A idéia é explicar como o design é essencial para atrair consumidores desconfiados e indispostos a comprar."

MAQUETE
Os escritórios de arquitetura esperam redução na quantidade de projetos, segundo Ronaldo Rezende, presidente da Asbea (associação de escritórios). "Será uma redução em toda a atividade econômica, e conseqüentemente, na arquitetura e na construção civil." A saída, diz Rezende, será exportar projetos para onde ainda há demanda, como a China, mesmo que também seja reduzida. Na corrida por mercados externos, a competição será brava. "Países que ainda têm possibilidade de construir serão bombardeados com ofertas de arquitetos." "Não sabemos avaliar o tamanho do freio. Mas sabíamos que o boom na construção tinha hora para acabar." Incorporadoras e arquitetos estão reunidos em São Paulo nesta semana para debater temas como racionalização de obra.

S.O.S.
A consultoria Alvarez & Marsal, que está cuidando da reestruturação do Lehman Brothers, já percebeu alta no movimento da sua operação brasileira. A carteira da empresa dobrou, segundo o diretor Marcelo Gomes, com o aumento de empresas procurando ajuda para resolver seus problemas, causados pela dificuldade de obter crédito. As empresas, segundo Gomes, têm procurado ajuda para tentar ter acesso a novo capital. A proximidade do Natal deve ampliar as dificuldades. O varejo, diz Gomes, já começa a mostrar sinais. Entre as principais vítimas, segundo Gomes, estão construção civil e agricultura. "Nesses tempos, os bancos ficam sem saber como cobrar os empréstimos. Até a instabilidade passar, vai ter esse problema da precificação, fazendo com que as empresas tenham uma necessidade de caixa."

VAREJO

EMPRESÁRIOS PEDIRÃO POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO A MIGUEL JORGE
Sete entidades do varejo entregarão, na segunda, a Miguel Jorge (Desenvolvimento), a proposta de criação de uma política de desenvolvimento para o setor, nos moldes da política industrial. Os empresários pedirão ao presidente do BNDES, Luciano Coutinho, a criação de um fundo no banco para empréstimos ao varejo com garantias em recebíveis, como vendas por cartão de crédito. "O varejo tem dificuldade para obter crédito oficial, por falta de garantias", diz Emerson Kapaz, do Instituto para o Desenvolvimento do Varejo. Também serão pedidos benefícios trabalhistas e tributários.

NA PISTA
A Renault vai levar ao Parque do Ibirapuera, em São Paulo, no dia 30 de novembro, a edição brasileira do Renault Roadshow 2008, em que Nelson Piquet vai pilotar um carro de F-1 na avenida Pedro Álvares Cabral, em frente ao parque. Também fazem parte do Renault Roadshow exibições de arrancada, desfile de carros antigos e performances de outros modelos de competição Renault.

com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI


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