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POLÊMICA
Monsanto quer receber pela soja transgênica a ser colhida em 2004
MP muda para dificultar
cobrança de royalties já
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A nova versão da medida provisória que liberou o plantio de soja
transgênica tornará mais difícil
para a multinacional Monsanto a
cobrança de royalties dos produtores sobre a safra a ser colhida e
comercializada até o final de 2004,
disse o deputado Paulo Pimenta
(PT-RS), que apresenta hoje o relatório da polêmica MP 131.
A Monsanto é dona dos direitos
de propriedade intelectual do gene da soja Roundup Ready, resistente ao herbicida fabricado pela
própria multinacional. E insiste
na cobrança pelo uso da tecnologia, embora as sementes da próxima safra não tenham chegado legalmente ao Brasil, mas por meio
de contrabando da Argentina.
"Eles [da Monsanto] que cobrem da Argentina", afirmou o
relator.
Em depoimento na Câmara dos
Deputados, o presidente da Monsanto no Brasil, Richard Greubel,
disse na semana passada que os
produtores da próxima safra de
soja transgênica teriam de pagar
royalties para a empresa.
Um dos artigos da medida provisória editada no final de setembro diz que cabe ao produtor de
soja transgênica "arcar com os
ônus decorrentes do plantio" e
frisa, em seguida: "Inclusive os relacionados a eventuais direitos de
terceiros". Trata-se de uma porta
aberta à cobrança de royalties pela Monsanto, entendeu o relator,
decidido a mudar o trecho da MP.
Também na semana passada,
em nota, Greubel disse que a empresa assumiria a responsabilidade sobre eventuais riscos ambientais e para o consumo humano e
animal desde que fosse remunerada pelo uso da tecnologia.
Para Paulo Pimenta, a Monsanto não pode abrir mão da responsabilidade por eventuais problemas porque detém a patente da
soja Roundup Ready. "Eles não
têm de querer ser responsabilizados ou não, eles vão ser responsabilizados, e o fato de as sementes
terem sido contrabandeadas não
tira deles a responsabilidade."
Incidência
Aliado dos produtores de soja
do Rio Grande do Sul, Paulo Pimenta disse que o pagamento de
royalties deve incidir sobre as sementes transgênicas, e não sobre
o produto colhido. As sementes,
por ora, não estão legalizadas, como reconhece o próprio texto da
medida provisória.
O relator adiantou que manterá
o termo de compromisso exigido
pelo governo dos produtores de
soja transgênica -instrumento
criado pela MP para identificar
aqueles que plantam soja geneticamente modificada.
O prazo para a assinatura do
termo de compromisso nos Correios, Banco do Brasil ou na Caixa
Econômica Federal encerra-se em
9 de dezembro. Paulo Pimenta
disse esperar que 100 mil termos
sejam assinados.
O projeto de lei de biossegurança encaminhado recentemente ao
Congresso exige licenciamento
por órgãos ambientais antes da liberação da próxima safra. Se legalizadas, as sementes de soja transgênica renderão cerca de US$ 100
milhões por ano em royalties à
Monsanto.
(MARTA SALOMON)
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