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VISITA
Em entrevista à Folha, Hu, que chega amanhã, promete mais comércio se Brasil reconhecer China como plena economia de mercado
Presidente chinês vem pedir apoio na OMC
CLÁUDIA TREVISAN
DE PEQUIM
O presidente chinês, Hu Jintao,
inicia amanhã pelo Brasil sua primeira visita à América Latina, disposto a obter a concessão do estatuto de plena economia de mercado para a China, o que daria impulso ao esforço do país comunista de ser tratado no cenário internacional pelas mesmas regras
aplicadas a seus principais parceiros comerciais.
"O reconhecimento, o mais cedo possível, do estatuto de plena
economia de mercado da China
pelo Brasil ajudará a acelerar o desenvolvimento do comércio bilateral e dos investimentos, favorecendo o aprofundamento da parceria estratégica entre os dois países", declarou Hu em entrevista
por escrito à Folha.
A China está em campanha para
obter o reconhecimento como
uma economia de mercado, que
pode ser dado individualmente
pelos países. A partir de seu ingresso na OMC (Organização
Mundial do Comércio), em 2001,
a China poderá ser considerada
por 15 anos como uma economia
na qual as regras de mercado não
prevalecem. Os países que a reconhecem como uma economia de
mercado têm mais dificuldades
em aplicar medidas antidumping.
A assessoria do presidente chinês limitou o número de perguntas e pediu a substituição de uma
questão que não era diretamente
relacionada à visita ao Brasil. As
respostas foram entregues ontem,
véspera de seu embarque. Só uma
pergunta não foi respondida:
"Que tipo de lições o Brasil pode
tirar do modelo de desenvolvimento chinês?".
Hu deve chegar à Brasília às
17h30 de amanhã, para uma visita
de cinco dias, passando por São
Paulo e Rio. Depois, irá a Argentina, Chile e Cuba.
Presidente desde março de
2003, Hu atribui parte do sucesso
econômico de seu país à "inabalável" determinação com que foram realizadas reformas em direção à economia de mercado e à
abertura ao exterior. Lembra que
o PIB chinês foi de US$ 147,3 bilhões, em 1978, para US$ 1,4 trilhão, em 2003, e ressalta que o objetivo é chegar a US$ 4 trilhões em
2020. A seguir, a íntegra da entrevista à Folha, a primeira concedida por Hu a um meio de comunicação brasileiro.
Folha - Qual é a importância do
Brasil na estratégia internacional
da China?
Hu Jintao - O Brasil é um grande
país em desenvolvimento e exerce
importante influência nos assuntos regionais e internacionais. A
China e o Brasil estabeleceram
uma parceria estratégica nos anos
1990, e em 2004 foram comemorados os 30 anos de relações diplomáticas entre os dois países.
Durante esse período, com esforços convergentes dos dois lados,
as relações bilaterais tiveram pleno desenvolvimento, com efetiva
cooperação em todas as áreas.
A parceria estratégica entre a
China e o Brasil é um relacionamento de cooperação sincera, baseado na igualdade e benefício
mútuos. Ela não corresponde
apenas aos interesses fundamentais dos dois países e dos dois povos, mas também favorece a paz e
o desenvolvimento mundiais.
Estou na expectativa de me encontrar outra vez com o presidente Lula, para trocar opiniões sobre
o aprofundamento da parceria estratégica entre os dois países, e tenho plena confiança em um futuro ainda mais promissor para as
relações sino-brasileiras.
Folha - O sr. espera que, durante
sua visita, o Brasil anuncie a concessão à China do estatuto de plena economia de mercado?
Hu - No fim da década de 1970, a
China iniciou uma reforma completa em sua estrutura econômica, promovendo constantemente
os mecanismos de mercado.
Em 1992, nós anunciamos o objetivo de estabelecer o sistema
econômico de mercado, promovendo reformas nessa direção.
Em 1993, o desenvolvimento da
economia de mercado passou a
fazer parte da Constituição chinesa. E, em 2001, a China ingressou
na Organização Mundial do Comércio, o que marcou uma nova
fase do seu processo de abertura
ao exterior e de construção do sistema econômico de mercado.
Nesses 26 anos, a China dedicou
todos os esforços para impulsionar a reforma e a abertura, persistindo na direção do sistema econômico de mercado. Atualmente,
sob critérios amplamente aceitos
pela comunidade internacional, o
sistema econômico de mercado já
está estabelecido na China.
Existe uma grande complementaridade econômica entre a China
e o Brasil, e, portanto, uma grande
potencialidade para a cooperação
econômico-comercial. O reconhecimento, o mais cedo possível,
do estatuto de plena economia de
mercado da China pelo Brasil ajudará a acelerar o desenvolvimento do comércio bilateral e dos investimentos, favorecendo o aprofundamento da parceria estratégica entre os dois países.
LEIA MAIS sobre as relações Brasil-China e a continuação da entrevista.
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