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EUFORIA
Governo obtém US$ 500 mi a juros menores que em operação semelhante de fevereiro; analistas não vêem piso para moeda
Tesouro faz captação, e dólar cai a R$ 2,179
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Em seu oitavo dia seguido de
queda, o dólar desceu ontem a R$
2,179. A simples atuação do BC no
mercado à vista, por meio da
compra de moeda, mostrou não
ter condições de conter a apreciação do real.
O que ninguém sabe dizer é qual
seria o piso para o dólar. A maioria acha provável que a moeda seguirá em queda e até bata nos R$
2,00 em breve.
Ontem, a soma de ingressos de
recursos -tanto no mercado à
vista quanto no futuro- e a reabertura da emissão de bônus no
mercado internacional pelo Tesouro fizeram o dólar cair mais
0,73%. No momento mais intenso
do dia, a moeda americana foi a
R$ 2,164, em baixa de 1,41%.
No fim da tarde, o Tesouro
anunciou que emitiu US$ 500 milhões em títulos da dívida externa.
Sobre esse valor, o Tesouro irá pagar juros de 7,765% ao ano até
2015, quando o empréstimo deverá ser quitado.
Em fevereiro, o Tesouro já havia
lançado um título da dívida com
vencimento em 2015. Naquela
ocasião, porém, os juros foram fixados em 7,9% ao ano -3,53
pontos percentuais acima da taxa
paga por papéis semelhantes lançados pelos EUA. Ontem, a diferença ficou em 3,12 pontos.
Sem poder de fogo
Natan Blanche, economista da
Tendências Consultoria, diz que,
se o BC quisesse atuar para formar a taxa de câmbio -ou seja,
manter o dólar em determinado
patamar-, não teria "poder de
fogo para isso".
"O mercado de câmbio movimenta cerca de US$ 1,6 bilhão diariamente. O BC e o Tesouro, juntos, dado o tamanho do mercado,
que é muito grande, não teriam
como determinar a taxa de câmbio, se tivessem essa intenção."
Oficialmente, o BC voltou a realizar leilões de compra de dólares
no início de outubro para recompor as reservas internacionais do
país. No mês passado, a autoridade monetária retirou aproximados US$ 3,5 bilhões do mercado
de câmbio. Ontem, o BC voltou a
fazer leilão para adquirir moeda.
Neste mês, estima-se que as intervenções já rondem os US$ 2 bilhões. Mesmo assim, o dólar está
com perdas de 3,28% neste mês.
Para Maristella Ansanelli, economista-chefe do banco Fibra, o
dólar deixou de perder valor em
outubro -quando subiu 1,03%
em relação ao real- mais por
causa do cenário internacional
mais turbulento do que pela volta
das intervenções do BC.
"Dados recentes da economia
norte-americana melhoraram o
apetite por ativos de emergentes.
Assim, o real retomou seu movimento de apreciação. Não há o
que o BC possa fazer para segurar
o dólar", Ansanelli.
Na noite de terça, a autoridade
monetária anunciou que não retomaria os leilões de "swap cambial reverso", que tem efeito de
compras de dólares no mercado
futuro, como muitos esperavam.
A economista do Fibra diz que o
mercado tem sentido uma movimentação mais forte no segmento
cambial da BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros) nos últimos
dias. E é esse movimento que tem
fortalecido o real.
"Se o BC entender que o aumento dos negócios no mercado
futuro não é apenas momentâneo, é possível que retome os leilões de swap reverso." Dessa forma, conteria o movimento, que
tem influenciado a taxa do câmbio no mercado à vista.
As posições vendidas têm aumentado nos últimos dias no
mercado de câmbio futuro. A elevação dos "vendidos" mostra que
há mais gente apostando ou mesmo trabalhando para que o real se
mantenha valorizado.
Recursos captados
Com a operação do Tesouro, sobe para US$ 7,5 bilhões o total de
créditos obtidos pelo governo,
neste ano, no mercado internacional. O objetivo inicial era captar US$ 4,5 bilhões ao longo de
2005, mas, diante dos juros mais
baixos que o país tem conseguido
pagar no exterior, decidiu-se antecipar emissões que só seriam
feitas a partir do ano que vem.
O plano de financiamento externo do governo prevê a emissão
de US$ 9 bilhões em títulos da dívida externa entre 2006 e 2007.
Desse total, US$ 3 bilhões já foram
captados neste ano.
O dinheiro obtido com essas
operações é depositado nas reservas em moeda estrangeira. Esses
recursos, por sua vez, são usados
no pagamento da dívida externa
do setor público e em eventuais
intervenções no câmbio. Anteontem, as reservas internacionais estavam em US$ 61 bilhões, aproximadamente US$ 4 bilhões acima
do nível observado no início de
outubro, quando o BC começou a
comprar dólares.
Colaborou Ney Hayashi da Cruz,
da Sucursal de Brasília
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