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Investigação em indústria do suco deve ser mantida
Ministério Público é contra o fim de apuração de suposta prática de cartel
Procurador admite que a investigação seja reaberta, mesmo que o Cade aprove multa para empresas e encerramento do processo
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ministério Público Federal
complicou ontem a situação da
indústria de suco de laranja do
país, responsável pela exportação de uma das principais commodities da balança comercial
brasileira, posicionando-se
contra o encerramento da investigação por suposta prática
de cartel que corre no Cade
(Conselho Administrativo de
Defesa Econômica). As empresas se dispuseram a pagar multa de R$ 100 milhões e assinar
um acordo inédito no qual se
comprometeriam a não infringir as leis da concorrência.
"Existem várias dúvidas se a
lei permite que se adote esse
procedimento que a SDE [Secretaria de Direito Econômico]
sugeriu. Na minha avaliação, a
lei não permite", disse à Folha
o procurador José Elaeres Teixeira, representante do Ministério Público no Cade.
Mesmo confiante em que sua
tese prevalecerá no plenário do
conselho, o procurador admite
que a investigação seja reaberta mesmo se o Cade aprovar a
multa e o fim do processo.
O imbróglio entre produtores de laranja e processadores
da fruta teve início em 1995,
quando as empresas assinaram
um termo assegurando que
não iriam realizar práticas anticoncorrenciais. Em 1999, outra denúncia dos agricultores
levou ao início da nova investigação. No início deste ano, a
Polícia Federal apreendeu arquivos eletrônicos, documentos e computadores na sede das
empresas, mas o material permanece lacrado na SDE.
A secretaria propôs, então, a
assinatura de novo termo de
compromisso pelas empresas e
o pagamento da multa de R$
100 milhões como indenização
-85% do valor iria para projetos de interesse dos produtores. Nesse caso, a investigação
terminaria, com a devolução
dos documentos às empresas.
A Procuradoria do Cade aprovou a idéia, mas o Ministério
Público, agora, não. O tema será julgado pelo conselho até o
fim deste ano, apurou a Folha.
Para Flavio Viegas, presidente da Associtrus, que representa os produtores, o parecer de
Teixeira caminha na direção
certa e indica a possibilidade de
recursos à Justiça caso o Cade
aprove o fim do processo. "Vamos tomar todas as medidas
para defender os agricultores.
Achamos um absurdo esse tipo
de acordo", assinalou.
(ID)
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