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Contra desaceleração, China lança pacote de US$ 586 bi
Recursos para estimular a economia devem ser aplicados nos próximos 2 anos
Valor do pacote anunciado pelo governo da China equivale a quase 2,5 vezes
o total de investimentos previstos no PAC brasileiro
RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM
O governo chinês anunciou
ontem um pacote de investimentos de 4 trilhões de yuans
(o equivalente a R$ 1,23 trilhão
-US$ 586 bilhões) para os próximos dois anos a fim de estimular a economia, ameaçada
pela desaceleração interna e
pela queda nos mercados que
importam produtos chineses.
O valor do pacotão chinês representa uma injeção de recursos de 7% do PIB (Produto Interno Bruto) anual do país em
2009 e 2010. A soma das riquezas da China neste ano deve somar US$ 3,5 trilhões.
Os recursos do pacote equivalem a quase duas vezes e
meia o total de investimentos
previstos no PAC brasileiro (R$
504 bilhões) de 2007 a 2010.
Ou a três vezes o total das exportações brasileiras previstas
para este ano. O resgate dos
EUA aos mercados, aprovado
pelo Congresso, é de US$ 700
bilhões. A economia americana
chega perto de US$ 14 trilhões.
Dez áreas serão contempladas, como habitação popular,
infra-estrutura rural, água, eletricidade, transportes e reconstrução de áreas devastadas por
tragédias naturais, como a Província de Sichuan, que sofreu
um terremoto em maio.
Apenas no atual bimestre de
novembro e dezembro, o governo promete gastar 400 bilhões
de yuans (R$ 123 bilhões), com
fundos do Orçamento deste
ano e um adiantamento das
verbas do ano que vem.
O pacote promete cortar impostos de valor agregado e circulação de mercadorias equivalentes a 120 bilhões de yuans
(R$ 36,9 bilhões).
O limite dos bancos comerciais para a concessão de empréstimos será abolido para
priorizar fundos para pequenas
e médias empresas, inovação
tecnológica, mecanização rural
e fusões e aquisições de empresas, segundo divulgou a agência
estatal de notícias Xinhua.
"A expansão de crédito deve
focar em esferas que promovam e consolidem o crédito ao
consumidor", diz a nota.
O pacote divulgado ontem foi
decidido pelo gabinete chinês
na quarta-feira.
Crescimento em queda
O pacote demonstra a
apreensão do regime chinês
com a coleção de números negativos dos últimos meses.
O PIB avançou 11,9% no ano
passado e estava previsto crescimento acima de 10% neste
ano e em 2009. As previsões
agora apontam para 9,4% em
2008 e 7,9% no ano que vem.
Economistas acham que os números serão menores e revisam
para baixo as previsões.
O crescimento no terceiro
trimestre, de 9%, foi o menor
desde 2003.
Nos últimos dois meses, o governo tentou outras medidas
de estímulo, como três cortes
na taxa de juros, menores exigências para concessões de empréstimos e abolição de taxas e
impostos para a compra do primeiro imóvel próprio. Mas nenhuma delas reanimou a confiança do consumidor chinês.
As vendas de apartamentos e
carros estão em queda, assim
como as previsões para o setor
exportador, que vende quase
metade da produção a mercados ameaçados de recessão, como União Européia e EUA.
A crise afeta os três setores
que mais empregam no país
-campo, exportações e construção civil.
O Centro de Pesquisa em Desenvolvimento do Conselho de
Estado prevê que a renda dos
agricultores cresça até 7% em
2008, dois pontos abaixo do objetivo do governo, por causa da
queda nos preços agrícolas.
Cerca de 10 mil fábricas têxteis e de brinquedos fecharam
nos primeiros nove meses do
ano. O governo não divulgou
estatísticas sobre o emprego.
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