São Paulo, segunda-feira, 10 de novembro de 2008

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Lula autoriza BB a fechar compra da Nossa Caixa

Negociação atende a interesse do banco e de Serra

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Antes de viajar anteontem para a Itália, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu o sinal verde para o Banco do Brasil comprar a Nossa Caixa, banco do governo do Estado de São Paulo, segundo apurou a Folha. O negócio deverá ser concretizado nesta semana.
Como revelou a Folha na quinta-feira, o governador de São Paulo, o tucano José Serra, e o ministro Guido Mantega (Fazenda) acertaram o negócio. O valor fixado foi de R$ 6,4 bilhões, sujeito a ajustes devido a cálculos sobre créditos e débitos da instituição paulista.
Mantega e Serra aceleraram a negociação entre o BB a Nossa Caixa por motivos diferentes. O ministro quis reforçar o BB após a fusão Itaú-Unibanco criar o maior banco brasileiro.
Com a Nossa Caixa, o BB ainda seguirá atrás do Itaú-Unibanco, mas marca tento importante, porque o Bradesco tinha interesse no banco paulista.
Para o governador, a venda da Nossa Caixa vai lhe render cacife para investimentos em 2009 e 2010. Serra quer ser candidato a presidente em 2010. Com o caixa cheio, poderá apresentar realizações para viabilizar seu projeto.

Votorantim
Além da Nossa Caixa, o BB deverá concretizar também nesta semana a compra de 49% das ações do Banco Votorantim, segundo revelou a Folha ontem. No mercado avalia-se que o valor total do Votorantim gire entre R$ 13 bilhões e R$ 14 bilhões. Por isso, o Palácio do Planalto considera que o BB deverá pagar mais ou menos a metade desse valor pelo banco da família Ermírio de Moraes.
A compra de parte do Votorantim pelo BB atende ao desejo político de Lula de vitaminar as montadoras de automóveis.
O Votorantim tem tradição no financiamento de veículos, uma das prioridades do Planalto para manter a economia aquecida. A indústria automobilística tem uma longa cadeia produtiva, que, se enfraquecida, poderá gerar demissões.
Lula quer evitar onda de desemprego nos seus dois últimos anos de governo. A exemplo de Serra, o presidente tem objetivos eleitorais: quer a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, como sucessora.
Para o BB, a sociedade com o Votorantim lhe dará mais volume para competir com Itaú-Unibanco e Bradesco.
O Planalto foi informado de que o BB avançou para comprar o Banco do Estado do Piauí e o BRB (Banco Regional de Brasília). Essas operações não devem sair nesta semana.
O governo avalia que será possível aprovar, até sexta-feira, na Câmara, a MP 443, aquela que permite ao BB e à Caixa Econômica Federal adquirir outros bancos em dificuldade.


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