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PIB / PONTOS FORTES
Investimentos e consumo disparam e puxam expansão
Investimento cresce 19,7% e bate em 20,4% do PIB, melhor marca da série
Consumo das famílias avança 7%, turbinado por aumento de 10% na massa salarial e de 29,6% nas operações de crédito
DO ENVIADO AO RIO
DA SUCURSAL DO RIO
Os investimentos na produção subiram 19,7% no terceiro
trimestre na comparação com
o mesmo período de 2007 -a
maior marca desde o início da
série do IBGE, em 1996, e o
maior destaque do PIB.
A forte expansão na chamada
FBCF (Formação Bruta de Capital Fixo), em alta há 19 trimestres, revela confiança dos
empresários no futuro da economia e ajuda a garantir crescimento sustentável, com menos
riscos inflacionários, ao aumentar a capacidade produtiva.
A FBCF foi puxada por um
aumento de 40% nas importações de máquinas e equipamentos e por outros 20% de alta na produção nacional desses
mesmos itens. Como proporção do PIB, os investimentos
bateram no maior nível
-20,4%- desde 2000, primeiro ano da série do IBGE.
Apesar da expectativa de desaceleração econômica pelo
menos nos próximos dois trimestres, o resultado da longa
série de alta dos investimentos
alivia o cenário. "Esse dado nos
deixa em uma situação melhor
numa possível recuperação da
crise ao longo do segundo semestre de 2009", diz Leonardo
Carvalho, economista do Ipea.
Para Bráulio Borges, da LCA,
a expansão do investimento
"surpreendeu" e reduz o risco
de alta da inflação futura por
conta da escassez de oferta de
bens e serviços no mercado.
Entre alguns dos maiores
componentes da FBCF, figura a
construção civil. No terceiro
trimestre, cresceu 11,7%, apoiada em alta de 32,3% no crescimento do crédito direcionado
para o setor de habitação.
Mas as perspectivas para o
resto do ano são bem menos
otimistas. Segundo dados da
Abecip (associação de crédito
imobiliário), o volume de financiamentos cai desde agosto
(de R$ 3,5 bilhões para R$ 3 bilhões em setembro e para R$
2,4 bilhões em outubro).
"Os lançamentos de imóveis
estão sendo reduzidos, e o impacto maior deve vir mais para
a frente", afirma Ana Maria
Castelo, da FGV Projetos, que
compila estatísticas para o Sinduscon. A expectativa de crescimento superior a 10% neste
ano caiu para 4,7% em 2009.
Nas áreas industrial e de infra-estrutura, levantamento
feito pela Folha a partir de 15
de setembro mostra que ao
menos R$ 40 bilhões em novos
investimentos estão sendo revistos pelas empresas.
Para o economista-chefe da
MB Associados, Sergio Vale, a
desaceleração nos investimentos deve ter impacto maior entre máquinas e equipamentos
do que na construção civil, que
terá um "resquício" da atividade deste ano ao longo de 2009.
"O problema é que, para onde se olha, a expectativa daqui
para a frente é de desaceleração", afirma Vale.
Outro ponto forte do PIB, o
consumo das famílias, também
entra agora em tendência de
desaceleração. Crescendo durante 20 trimestres, tem sido
impulsionado fortemente pela
maior oferta de crédito.
As famílias consumiram
7,3% mais, sustentadas por um
aumento de 10,6% na massa salarial e de 29,6% no saldo das
operações de crédito. Mas é a
diminuição da oferta de crédito
que está no centro da atual crise global e no Brasil.
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