São Paulo, quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

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PIB / PONTOS FORTES

Investimentos e consumo disparam e puxam expansão

Investimento cresce 19,7% e bate em 20,4% do PIB, melhor marca da série

Consumo das famílias avança 7%, turbinado por aumento de 10% na massa salarial e de 29,6% nas operações de crédito

DO ENVIADO AO RIO
DA SUCURSAL DO RIO

Os investimentos na produção subiram 19,7% no terceiro trimestre na comparação com o mesmo período de 2007 -a maior marca desde o início da série do IBGE, em 1996, e o maior destaque do PIB.
A forte expansão na chamada FBCF (Formação Bruta de Capital Fixo), em alta há 19 trimestres, revela confiança dos empresários no futuro da economia e ajuda a garantir crescimento sustentável, com menos riscos inflacionários, ao aumentar a capacidade produtiva.
A FBCF foi puxada por um aumento de 40% nas importações de máquinas e equipamentos e por outros 20% de alta na produção nacional desses mesmos itens. Como proporção do PIB, os investimentos bateram no maior nível -20,4%- desde 2000, primeiro ano da série do IBGE.
Apesar da expectativa de desaceleração econômica pelo menos nos próximos dois trimestres, o resultado da longa série de alta dos investimentos alivia o cenário. "Esse dado nos deixa em uma situação melhor numa possível recuperação da crise ao longo do segundo semestre de 2009", diz Leonardo Carvalho, economista do Ipea.
Para Bráulio Borges, da LCA, a expansão do investimento "surpreendeu" e reduz o risco de alta da inflação futura por conta da escassez de oferta de bens e serviços no mercado.
Entre alguns dos maiores componentes da FBCF, figura a construção civil. No terceiro trimestre, cresceu 11,7%, apoiada em alta de 32,3% no crescimento do crédito direcionado para o setor de habitação.
Mas as perspectivas para o resto do ano são bem menos otimistas. Segundo dados da Abecip (associação de crédito imobiliário), o volume de financiamentos cai desde agosto (de R$ 3,5 bilhões para R$ 3 bilhões em setembro e para R$ 2,4 bilhões em outubro).
"Os lançamentos de imóveis estão sendo reduzidos, e o impacto maior deve vir mais para a frente", afirma Ana Maria Castelo, da FGV Projetos, que compila estatísticas para o Sinduscon. A expectativa de crescimento superior a 10% neste ano caiu para 4,7% em 2009.
Nas áreas industrial e de infra-estrutura, levantamento feito pela Folha a partir de 15 de setembro mostra que ao menos R$ 40 bilhões em novos investimentos estão sendo revistos pelas empresas.
Para o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, a desaceleração nos investimentos deve ter impacto maior entre máquinas e equipamentos do que na construção civil, que terá um "resquício" da atividade deste ano ao longo de 2009.
"O problema é que, para onde se olha, a expectativa daqui para a frente é de desaceleração", afirma Vale.
Outro ponto forte do PIB, o consumo das famílias, também entra agora em tendência de desaceleração. Crescendo durante 20 trimestres, tem sido impulsionado fortemente pela maior oferta de crédito.
As famílias consumiram 7,3% mais, sustentadas por um aumento de 10,6% na massa salarial e de 29,6% no saldo das operações de crédito. Mas é a diminuição da oferta de crédito que está no centro da atual crise global e no Brasil.


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