São Paulo, quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

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análise

Investimento em 2009 deve ficar próximo de zero

TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

Um dos vetores do crescimento desde 2004, o nível de investimentos deve se tornar um empecilho para a economia voltar a deslanchar, na melhor das hipóteses, a partir de meados de 2009, segundo analistas. Após forte expansão, a previsão é que 2009 seja um ano de investimento zero ou até negativo.
Diante das incertezas, os empresários não colocarão dinheiro novo na produção. A capacidade ociosa das empresas aumentará e diminuirá a necessidade de estoque. O resultado será uma desaceleração puxada pela estagnação de investimentos.
A expectativa é de queda de até 1% no PIB no quarto trimestre deste ano em relação ao terceiro trimestre. Para 2009, os economistas vislumbram a possibilidade de mais um resultado negativo ou zero no primeiro trimestre, e o crescimento ficaria entre 2% e 2,8% no ano.
"Você estava com a demanda doméstica crescendo acima de 8%. De repente, dá um tranco, o que acontece? Os estoques acumulam e a gente vê esse movimento da indústria automobilística de baixar a produção. Embora a demanda caia, você tem de derrubar a produção ainda mais para diminuir os estoques", disse Alexandre Schwartsman, economista-chefe do Santander.
"2009 será um ano de redução de investimentos e aumento de capacidade ociosa. A reação do empresário é adiar as decisões até ficar mais claro o cenário. Mas os fatores de longo prazo que impactam o investimento, como a estabilidade da economia, não estão se deteriorando", disse Aurélio Bicalho, economista do Itaú.
A única vantagem é que, com investimentos de 20,4% do PIB, o país estará mais bem preparado para retomar o crescimento sem inflação.
Para Schwartsman, o fato de a economia ter superado as expectativas e crescido próximo de 7% não muda as perspectivas para 2009. Schwartsman prevê crescimento de 2% no próximo ano, sendo que o chamado "carry over", o efeito estatístico da alta de um ano para o outro, tenha impacto limitado. No caso, se o PIB tiver crescimento negativo de 1% no quarto trimestre, o "carry over" será de 0,5%; se zerar, será de 1,3%. "O ponto de partida da economia tem alguma relevância. A gente estava crescendo na casa de 7%. Mas o mundo mudou."


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