São Paulo, quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

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Cai disposição de empresas de investirem no exterior

Apenas 26% tinham plano de investir fora do país

LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A crise internacional, antes mesmo de chegar ao auge no segundo semestre deste ano, já reduziu a disposição das grandes empresas brasileiras de investir no exterior. No ano passado, apenas 26% das companhias nacionais sem atuação fora do Brasil tinham planos para sair do país, segundo pesquisa feita pela Fundação Dom Cabral, de Minas Gerais, que será divulgada hoje. Em 2002, quando o trabalho foi feito pela primeira vez, 82% das empresas afirmaram querer se transformar numa multinacional.
"O resultado já capta sinais de mudança no cenário internacional. Não acredito num refluxo, mas num crescimento moderado com movimentos pontuais e os investimentos já feitos no exterior sofrerão pressão para serem mais rentáveis", diz o professor Álvaro Cyrino, um dos responsáveis pela pesquisa.
A Fundação Dom Cabral se baseou nas respostas de 93 empresas, escolhidas entre as maiores companhias de capital nacional, para traçar o perfil das multinacionais brasileiras.
Nos últimos cinco anos, as empresas que investiram fora do país aumentaram bastante o grau de comprometimento com o mercado internacional. Isso pode ser visto em indicadores como a aquisição de fábricas no exterior.
Em 2002, nenhuma das empresas pesquisadas possuía centros de pesquisa no exterior, somente 10,7% tinha fábricas fora e 20,7% desenvolvia algum tipo de atividade comercial. No ano passado, a parcela de companhias com unidades de produção em outros países havia subido para 33% do total de empresas ouvidas, enquanto outras 46,4% tinham atividades comerciais no exterior.
De acordo com Cyrino, esse movimento aumenta a dificuldade de a empresa deixar de investir no mercado externo e se voltar para o consumo interno.
Mudaram também as motivações para investir no exterior e as principais barreiras citadas pelos empresários. Em 2002, a razão para buscar outros mercados estava ligada a uma necessidade de redução de custos e a volatilidade cambial era a principal dificuldade. No ano passado, a preocupação em atender melhor os clientes numa escala global foi apontada como maior justificativa para os gastos das multinacionais brasileiras. A carga tributária foi eleita o principal problema.
O professor Cyrino explica que a dificuldade de financiamento por conta da falta de dinheiro no mercado e pela queda no preço das commodities, fonte de renda importante das grandes empresas nacionais, levará a uma concentração dos investimentos em projetos de curto prazo, que tenham retorno financeiro rápido.


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