|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Cai disposição de empresas de investirem no exterior
Apenas 26% tinham plano de investir fora do país
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A crise internacional, antes
mesmo de chegar ao auge no
segundo semestre deste ano, já
reduziu a disposição das grandes empresas brasileiras de investir no exterior. No ano passado, apenas 26% das companhias nacionais sem atuação
fora do Brasil tinham planos
para sair do país, segundo pesquisa feita pela Fundação Dom
Cabral, de Minas Gerais, que
será divulgada hoje. Em 2002,
quando o trabalho foi feito pela
primeira vez, 82% das empresas afirmaram querer se transformar numa multinacional.
"O resultado já capta sinais
de mudança no cenário internacional. Não acredito num refluxo, mas num crescimento
moderado com movimentos
pontuais e os investimentos já
feitos no exterior sofrerão
pressão para serem mais rentáveis", diz o professor Álvaro
Cyrino, um dos responsáveis
pela pesquisa.
A Fundação Dom Cabral se
baseou nas respostas de 93 empresas, escolhidas entre as
maiores companhias de capital
nacional, para traçar o perfil
das multinacionais brasileiras.
Nos últimos cinco anos, as
empresas que investiram fora
do país aumentaram bastante o
grau de comprometimento
com o mercado internacional.
Isso pode ser visto em indicadores como a aquisição de fábricas no exterior.
Em 2002, nenhuma das empresas pesquisadas possuía
centros de pesquisa no exterior, somente 10,7% tinha fábricas fora e 20,7% desenvolvia
algum tipo de atividade comercial. No ano passado, a parcela
de companhias com unidades
de produção em outros países
havia subido para 33% do total
de empresas ouvidas, enquanto
outras 46,4% tinham atividades comerciais no exterior.
De acordo com Cyrino, esse
movimento aumenta a dificuldade de a empresa deixar de investir no mercado externo e se
voltar para o consumo interno.
Mudaram também as motivações para investir no exterior
e as principais barreiras citadas
pelos empresários. Em 2002, a
razão para buscar outros mercados estava ligada a uma necessidade de redução de custos
e a volatilidade cambial era a
principal dificuldade. No ano
passado, a preocupação em
atender melhor os clientes numa escala global foi apontada
como maior justificativa para
os gastos das multinacionais
brasileiras. A carga tributária
foi eleita o principal problema.
O professor Cyrino explica
que a dificuldade de financiamento por conta da falta de dinheiro no mercado e pela queda no preço das commodities,
fonte de renda importante das
grandes empresas nacionais,
levará a uma concentração dos
investimentos em projetos de
curto prazo, que tenham retorno financeiro rápido.
Texto Anterior: Imóveis: Lopes desiste de comprar a Patrimóvel Próximo Texto: Frase Índice
|