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Megapacote de reajuste a servidor passa no Congresso
Somadas, medidas provisórias aprovadas dão reajustes a 90% dos funcionários federais
Gasto com pessoal deve
superar os 5% do PIB em
2009 pela primeira vez
em 14 anos; contrariado,
governo pode vetar o texto
GUSTAVO PATU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Congresso concluiu a votação do maior pacote de reajustes salariais para os servidores
públicos concedido desde o
Plano Real, que abortou o ajuste dos gastos com pessoal programado para este ano e elevou
o funcionalismo à condição de
segunda maior despesa da
União, superando os juros das
dívida interna e externa e atrás
apenas dos benefícios da Previdência Social.
Foi aprovada ontem, em segunda votação pela Câmara dos
Deputados, a terceira e última
medida provisória do pacote,
que não sofreu nenhuma resistência dos partidos de oposição
-embora PSDB e DEM tenham adotado como bandeira o
ataque à alta dos gastos promovida pelo governo Luiz Inácio
Lula da Silva.
Impulsionada principalmente pelas medidas, a folha de pagamentos teve aumento de R$
6,6 bilhões no Orçamento deste
ano e crescerá outros R$ 21,8
bilhões em 2009.
Juntas, as três MPs beneficiam, entre ativos e aposentados, 1,3 milhão de servidores civis e pouco mais de 600 mil militares, o que equivale a praticamente todo o quadro do Poder
Executivo e a cerca de 90% de
todos os funcionários federais.
Os efeitos das medidas não se
esgotam neste ano: há reajustes
e benefícios programados até
2012, quando o sucessor de
Lula estará chegando à metade
do mandato.
Como aconteceu com suas
antecessoras, a MP aprovada
ontem teve passagem tranqüila
pelo Congresso. As alterações
promovidas por deputados e
senadores apenas atenderam
aos lobbies dos servidores e
acrescentaram novas vantagens ao texto, com detalhes que
chegaram a, por exemplo, quatro páginas introduzidas pelo
Senado voltadas para os servidores do Centro de Referência
Professor Hélio Fraga, no Rio.
Nas votações finais, chegou-se a um debate inusitado: o comando governista, de históricas ligações com o sindicalismo
dos servidores, tentava derrubar na Câmara as 22 modificações feitas pelo Senado, enquanto a oposição, defendendo
os gastos adicionais, conseguiu
manter 20 delas. "Não houve
acordo nenhum. O governo pode vetar tudo", disse o relator
do texto, deputado Marcelo
Castro (PMDB-PI). As duas últimas MPs do pacote ainda dependem da sanção do Palácio
do Planalto.
Com vetos ou não, o impacto
nas contas públicas de 2009
pouco será alterado. As despesas com pessoal chegarão a R$
157 bilhões, praticamente um
quarto de toda a receita disponível para o governo federal, segundo as estimativas do projeto de Orçamento apresentado
em agosto passado.
O segundo pacote de reajustes salariais generalizados para
o funcionalismo -o primeiro
ocorreu em 2006, outro ano
eleitoral- foi editado em meio
a recordes sucessivos de arrecadação de impostos e expectativa de crescimento econômico
duradouro. Com a agora esperada desaceleração da economia, as despesas deverão superar os 5% do Produto Interno
Bruto em 2009, pela primeira
vez em 14 anos.
É uma trajetória oposta à
prometida em 2007, quando foi
lançado o PAC. Para reduzir as
despesas como proporção do
PIB, o governo enviou ao Congresso um pacote, nunca votado, para limitar o aumento dos
gastos com pessoal a 1,5% ao
ano acima da inflação.
Os efeitos do pacote nos próximos anos ainda são objeto de
previsões pouco precisas. Pelas
estimativas que acompanham
as MPs, o gasto anual com pessoal subiria R$ 47,3 bilhões de
2008 até 2012.
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