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Gradiente exclui passivo e tenta voltar
Segundo plano, nova companhia vai arrendar a marca de eletrônicos, enquanto dívidas ficarão na velha Gradiente
Marca enfrenta milhares de processos de consumidores por falta de assistência e chegou a ser banida de Estados como Mato Grosso
MARIANA BARBOSA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Gradiente apresentou ontem um plano de recuperação
extrajudicial e planeja voltar ao
mercado no segundo trimestre
do ano que vem.
Mas a volta da marca depende ainda de uma negociação
com potenciais investidores
-cujos nomes não foram divulgados-, que precisarão entrar
com R$ 130 milhões.
A marca sofreu enorme desgaste ao vender, nos últimos
meses antes de encerrar a produção, em 2007, produtos com
baixa qualidade e por não providenciar assistência técnica
quando eles quebravam. Devido aos problemas, chegou a ser
banida de alguns Estados, como Mato Grosso, e enfrenta
cerca de 50 mil processos judiciais de consumidores em todo
o Brasil. Conta que, segundo a
Folha apurou, pode chegar a
R$ 100 milhões.
Para a Gradiente, esse passivo não passa de R$ 10 milhões.
Para viabilizar o negócio, Eugênio Staub, controlador da
Gradiente, quer criar outra empresa. Chamada CBTD (Companhia Brasileira de Tecnologia Digital), pretende arrendar
a marca. Os passivos ficarão na
velha Gradiente, que continuará dona de três fábricas -uma
será alugada para a CBTD.
Além do passivo com consumidores, a velha Gradiente ficará com dívidas trabalhistas
(R$ 13 milhões), fiscais (R$ 150
milhões) e com fornecedores
(R$ 385 milhões). A fiscal foi
inscrita no novo Refis e poderá
ser reduzida a R$ 90 milhões
(pagamento em 180 meses). A
com fornecedores (comerciais
e bancos) será paga em nove
anos, com dois de carência. Esse parcelamento foi acertado
com 67% dos credores comerciais e financeiros.
Segundo o vice-presidente da
Gradiente, Eugênio Staub Filho, depois que a empresa protocolou na Justiça o pedido de
homologação do plano de recuperação, outros credores aderiram. "Mais de 70% aderiram, e
acreditamos que vamos chegar
a mais de 80%", disse.
Staub Filho alega que as negociações com potenciais investidores estão avançadas,
mas diz que os nomes não podem ser revelados porque os
contratos não foram assinados.
"O ideal seria poder anunciar o
acordo com credores e a entrada dos novos sócios na mesma
data. Mas não foi possível."
Segundo ele, a nova Gradiente será focada em TVs de LCD e
notebooks. "A Gradiente tinha
15%, em alguns casos 40% de
participação, disputava liderança em muitos mercados.
Agora queremos uma participação menor -de 5%-, mas
mais rentabilidade."
Sobre o desgaste da marca,
Staub Filho diz que pesquisas
atestariam que ela "continua
desejada pelos brasileiros". Ele
nega que os problemas tenham
sido causados por má qualidade
e diz que se limitariam à assistência técnica.
O plano de recuperação começou a ser negociado em maio
de 2008. Mas, há cerca de um
ano, divergências entre Eugênio Staub e a Íntegra Consultoria, de Nelson Bastos, travaram
as negociações. Segundo a Folha apurou, o impasse estaria
ligado ao fato de Staub não querer abrir mão do controle.
Staub Filho nega. Na CBTD, a
família terá dois assentos no
conselho, e os novos investidores, outros dois. Haverá ainda
um conselheiro independente.
Staub Filho diz que os acionistas da Gradiente (família
Staub e cerca de 2.000 minoritários) serão sócios dos investidores na nova empresa. A empresa negocia com três novos
investidores -uma multinacional e dois investidores financeiros. Dos R$ 130 milhões,
metade seria aportada pelos
novos sócios e o restante será
emissão de dívida.
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