São Paulo, quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

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Inflação sobe e reforça perspectiva de elevação da Selic

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Comportada ao longo de todo o ano, a inflação sofreu um repique em novembro e já desperta algumas preocupações para 2010, quando a economia estará mais aquecida -o que indica repasses mais fáceis para os preços. Em novembro, o IPCA, índice oficial, subiu 0,41% -em outubro, havia sido de 0,28%, segundo o IBGE.
No acumulado de janeiro a novembro, o índice chegou a 3,93%. Em 12 meses, ficou em 4,22%, abaixo do centro da meta do governo para 2009 -de 4,5%, com intervalo de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
De um lado, pesaram as altas sazonais de alimentos como batata e cenoura em novembro, mas esses aumentos não trazem temor aos economistas. O receio reside numa pressão maior dos serviços, foco importante de reajustes em novembro -aliás, em todo o ano de 2009, apesar da crise.
De acordo com Carlos Thadeu de Freitas Filho, economista-chefe da corretora SLW, o consumo crescerá com força em 2010, o que propicia aumentos maiores de preços.
Diante desse cenário, ele não descarta uma nova rodada de alta dos juros já no ano que vem, apesar da preocupação do governo com o seu desempenho nas eleições.
"Ganha força o argumento, dentro e fora do governo, de que os juros vão precisar subir em 2010 para conter o consumo e reduzir o risco inflacionário", disse Feitas Filho.
Para Luiz Roberto Cunha, economista da PUC do Rio, o IPCA de novembro traz a certeza de que será necessário elevar a taxa de juros para manter a inflação dentro da meta -também de 4,5% em 2010.
O economista cita algumas incertezas para o próximo ano: evolução dos preços agrícolas internacionais (turbinados por quebras de safra), comportamento do câmbio e reação dos serviços à expansão do consumo. Tudo isso, diz Cunha, deve levar o Banco Central a aumentar a Selic em 2010.
"É incompatível uma previsão de muitos economistas de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de 6% a 6,5% em 2010 com uma inflação de apenas 4%", argumenta.
Para Cunha, o IPCA tende a fechar próximo de 5% no ano que vem. "O que não é ruim com um crescimento forte da economia", pondera.


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