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Inflação sobe e reforça perspectiva de elevação da Selic
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Comportada ao longo de todo o ano, a inflação sofreu um
repique em novembro e já desperta algumas preocupações
para 2010, quando a economia
estará mais aquecida -o que
indica repasses mais fáceis para
os preços. Em novembro, o IPCA, índice oficial, subiu 0,41%
-em outubro, havia sido de
0,28%, segundo o IBGE.
No acumulado de janeiro a
novembro, o índice chegou a
3,93%. Em 12 meses, ficou em
4,22%, abaixo do centro da meta do governo para 2009 -de
4,5%, com intervalo de dois
pontos percentuais para mais
ou para menos.
De um lado, pesaram as altas
sazonais de alimentos como
batata e cenoura em novembro,
mas esses aumentos não trazem temor aos economistas. O
receio reside numa pressão
maior dos serviços, foco importante de reajustes em novembro -aliás, em todo o ano de
2009, apesar da crise.
De acordo com Carlos Thadeu de Freitas Filho, economista-chefe da corretora SLW, o
consumo crescerá com força
em 2010, o que propicia aumentos maiores de preços.
Diante desse cenário, ele não
descarta uma nova rodada de
alta dos juros já no ano que
vem, apesar da preocupação do
governo com o seu desempenho nas eleições.
"Ganha força o argumento,
dentro e fora do governo, de
que os juros vão precisar subir
em 2010 para conter o consumo e reduzir o risco inflacionário", disse Feitas Filho.
Para Luiz Roberto Cunha,
economista da PUC do Rio, o
IPCA de novembro traz a certeza de que será necessário elevar
a taxa de juros para manter a
inflação dentro da meta -também de 4,5% em 2010.
O economista cita algumas
incertezas para o próximo ano:
evolução dos preços agrícolas
internacionais (turbinados por
quebras de safra), comportamento do câmbio e reação dos
serviços à expansão do consumo. Tudo isso, diz Cunha, deve
levar o Banco Central a aumentar a Selic em 2010.
"É incompatível uma previsão de muitos economistas de
crescimento do PIB (Produto
Interno Bruto) de 6% a 6,5%
em 2010 com uma inflação de
apenas 4%", argumenta.
Para Cunha, o IPCA tende a
fechar próximo de 5% no ano
que vem. "O que não é ruim
com um crescimento forte da
economia", pondera.
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