|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Sobra aço no mercado, diz Gerdau
Para empresário, país deve escoar produção para o exterior, mas logística e tributos são empecilho
Recentemente, Lula pressionou a direção da Vale
a agregar mais valor ao
minério de ferro em vez de
exportar o produto em bruto
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O empresário Jorge Gerdau
Johannpeter afirmou durante
a reunião do CDES (Conselho
de Desenvolvimento Econômico e Social) que, por ter uma capacidade instalada 117% superior à demanda interna, a indústria siderúrgica brasileira
precisa conseguir aumentar as
exportações. No entanto, encontra dificuldades logísticas e
tributárias para competir no
mercado internacional.
"Embora nós tenhamos nos
recuperado de uma forma significativa, o setor tem hoje uma
capacidade equivalente a mais
do que o dobro do consumo interno. Isso significa que nós temos um esforço enorme a fazer
em relação à exportação."
De acordo com dados do Instituto Aço Brasil, o parque instalado é capaz de produzir 42
milhões de toneladas por ano,
enquanto o consumo de aço
previsto no país em 2009 é de
19,3 milhões de toneladas produzidas internamente e 1,5 milhão de toneladas importadas.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pressionou recentemente a Vale e seu principal
executivo, Roger Agnelli, a aumentar os investimentos no
beneficiamento do minério de
ferro antes de exportá-lo em
bruto, para agregar mais valor
na pauta de vendas brasileiras
ao exterior e gerar mais empregos no país.
Para Gerdau, o ideal seria
mesmo continuar aumentando
a capacidade do setor, mas o
problema, afirmou, é que também há grande ociosidade em
outros países.
Cenário complicadíssimo
"É um cenário complicadíssimo. Existe uma sobra de cerca de 650 milhões de toneladas
por ano na oferta global, e metade dessa capacidade está em
países que competem conosco", acrescentou o empresário,
referindo-se aos gigantes asiáticos China e Índia.
Além de considerar que a demanda de aço brasileira ainda é
muito baixa em relação aos países desenvolvidos e emergentes, Gerdau criticou o tamanho
da carga tributária que incide
sobre a cadeia do setor. Segundo o empresário, a indústria siderúrgica paga R$ 13 bilhões
em tributos por ano, enquanto
a renda dos trabalhadores do
setor é de R$ 4,9 bilhões.
"A carga tributária é indiscutivelmente elevada. Quando se
olham os balanços mundiais,
globalmente a carga do setor é
praticamente a metade da que
nós temos", afirmou.
Além disso, ressaltou o desafio diplomático que o país precisa enfrentar para se defender
do protecionismo internacional e combater práticas desleais de comércio.
Gerdau também reclamou
dos altos preços pagos no Brasil
por energia elétrica e gás natural, da valorização do câmbio e
do rigor das leis trabalhistas.
"Por causa do sucesso financeiro, não percebemos que as cadeias produtivas do país estão
perdendo espaço."
Texto Anterior: Colegiado: Após racha, governo define novos membros para Codefat Próximo Texto: MPX obtém do BNDES R$ 1 bi para usina Índice
|