São Paulo, quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

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Sobra aço no mercado, diz Gerdau

Para empresário, país deve escoar produção para o exterior, mas logística e tributos são empecilho

Recentemente, Lula pressionou a direção da Vale a agregar mais valor ao minério de ferro em vez de exportar o produto em bruto

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O empresário Jorge Gerdau Johannpeter afirmou durante a reunião do CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social) que, por ter uma capacidade instalada 117% superior à demanda interna, a indústria siderúrgica brasileira precisa conseguir aumentar as exportações. No entanto, encontra dificuldades logísticas e tributárias para competir no mercado internacional.
"Embora nós tenhamos nos recuperado de uma forma significativa, o setor tem hoje uma capacidade equivalente a mais do que o dobro do consumo interno. Isso significa que nós temos um esforço enorme a fazer em relação à exportação."
De acordo com dados do Instituto Aço Brasil, o parque instalado é capaz de produzir 42 milhões de toneladas por ano, enquanto o consumo de aço previsto no país em 2009 é de 19,3 milhões de toneladas produzidas internamente e 1,5 milhão de toneladas importadas.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pressionou recentemente a Vale e seu principal executivo, Roger Agnelli, a aumentar os investimentos no beneficiamento do minério de ferro antes de exportá-lo em bruto, para agregar mais valor na pauta de vendas brasileiras ao exterior e gerar mais empregos no país.
Para Gerdau, o ideal seria mesmo continuar aumentando a capacidade do setor, mas o problema, afirmou, é que também há grande ociosidade em outros países.

Cenário complicadíssimo
"É um cenário complicadíssimo. Existe uma sobra de cerca de 650 milhões de toneladas por ano na oferta global, e metade dessa capacidade está em países que competem conosco", acrescentou o empresário, referindo-se aos gigantes asiáticos China e Índia.
Além de considerar que a demanda de aço brasileira ainda é muito baixa em relação aos países desenvolvidos e emergentes, Gerdau criticou o tamanho da carga tributária que incide sobre a cadeia do setor. Segundo o empresário, a indústria siderúrgica paga R$ 13 bilhões em tributos por ano, enquanto a renda dos trabalhadores do setor é de R$ 4,9 bilhões.
"A carga tributária é indiscutivelmente elevada. Quando se olham os balanços mundiais, globalmente a carga do setor é praticamente a metade da que nós temos", afirmou.
Além disso, ressaltou o desafio diplomático que o país precisa enfrentar para se defender do protecionismo internacional e combater práticas desleais de comércio.
Gerdau também reclamou dos altos preços pagos no Brasil por energia elétrica e gás natural, da valorização do câmbio e do rigor das leis trabalhistas. "Por causa do sucesso financeiro, não percebemos que as cadeias produtivas do país estão perdendo espaço."


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