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CONSUMO
No ano passado, setor registrou um crescimento de 20% nas vendas; crédito e demanda explicam o bom resultado
Indústria eletrônica tem 3ª maior expansão
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A indústria eletrônica registrou
em 2004 a terceira maior taxa de
expansão de sua história. Em volume de mercadorias vendidas, o
resultado também foi o terceiro
melhor desde o início do Plano
Real, em 1994. Crédito disponível
na praça, demanda reprimida e
forte ação do varejo para desovar
produtos explicam os resultados.
Os números foram apresentados ontem pela Eletros, entidade
que representa os fabricantes de
eletroeletrônicos. A conclusão faz
parte de uma comparação de dados realizada pela Folha.
Pelas informações preliminares,
a indústria entregou ao varejo
35,8 milhões de produtos no ano
passado. Esse volume equivale a
uma expansão de 20% em relação
a 2003. Para este ano, a entidade
fala em cifras mais conservadoras:
espera uma elevação de 6%.
Ao analisar anos passados, conclui-se que a alta de 20% só perde
para a expansão verificada nos
períodos de 1995 e 1996, anos seguintes à implantação da nova
moeda brasileira. Naqueles dois
anos, o montante de itens entregues às lojas cresceu 31,6% e
22,3%, respectivamente. A quantidade de itens vendidos atingiu
38,5 milhões e 47,1 milhões, respectivamente.
Mas o período é encarado como
excepcional e, portanto, de difícil
comparação. "O resultado de
2004 faz a indústria voltar ao patamar de 2000, o último ano de bonança no setor. É complicado fazer uma relação com os números
pós-Real porque são pontos fora
da curva, com bons resultados
por causa da entrada de novos
consumidores no mercado", diz
Paulo Saab, presidente da Eletros.
Calcula-se que, nos anos de 1995
e 1996, 30 milhões de pessoas que
estavam fora do mercado ganharam poder de compra e se tornaram potenciais clientes das lojas
de varejo.
Desde então, no entanto, o setor
viveu de altos e baixos. A partir de
2001, a indústria registrou retração nas vendas consecutivamente. As causas foram a crise de
energia em 2001, as elevações na
taxa de juros ao consumidor em
2002 e a queda na renda e a alta na
taxa de desemprego em 2003.
O que explica a expansão agora
é a mudança no panorama macroeconômico. Os bancos e as financeiras aumentaram o crédito
disponível para as compras e opções como o empréstimo vinculado ao holerite expandiram a demanda. Além disso, as lojas ampliaram os prazos de pagamento
em 2004 e ainda há a questão do
ciclo de vida das mercadorias.
Como a última grande compra
de eletrônicos ocorreu em 1995 e
1996, cerca de dez anos atrás, existe um momento propício para a
troca natural de mercadorias agora. O tempo de vida dos eletrônicos varia de 8 a 10 anos.
Em 2004, foram vendidos 7 milhões de TVs, o melhor desempenho desde 1997. A demanda por
refrigeradores também cresceu e
a venda subiu 20% sobre 2003.
Aconteceram aumentos de preço no ano -só em setembro a indústria anunciou publicamente
um reajuste de 11% para certos
itens. Preços maiores e volume
elevado comercializado devem
turbinar o caixa das marcas. A
Gradiente, até setembro, teve alta
de 107% na receita sobre 2003.
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