São Paulo, sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

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Governo decide acionar mais termelét ricas

HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apesar de negar que haja risco de abastecimento de energia, o governo decidiu ligar termelétricas a óleo da região Sudeste. Inicialmente, essas usinas irão contribuir com 800 MW (megawatts). Essa quantidade poderá ser aumentada para 1.200 MW se a Petrobras conseguir entregar mais óleo. O objetivo da medida é poupar os reservatórios das hidrelétricas e tornar mais seguro o abastecimento de energia para 2009.
No Nordeste, onde o risco de falta de energia é maior, as termelétricas a óleo já haviam sido acionadas.
Além das termelétricas a óleo, o governo conta com a conclusão da obra do gasoduto que liga Vitória (ES) a Macaé (RJ), prevista para meados de fevereiro. Quando isso acontecer, haverá gás para que a termelétrica de Macaé possa gerar 1.000 MW. "É uma medida preventiva para enfrentar com segurança o ano de 2009", disse o diretor-geral do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), Hermes Chipp.
Na terça-feira, o diretor-geral da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), Jerson Kelman, havia dito que o governo deveria começar uma campanha de incentivo ao uso mais racional da energia, para reduzir o consumo. Ele disse também que, embora pouco provável, seria possível um racionamento em 2008. Kelman sugeriu que o governo elaborasse antecipadamente um plano para enfrentar essa situação.
A declaração do diretor-geral da agência causou uma crise na cúpula do setor. Ontem, Kelman participou da reunião na qual foi decidido o aumento da geração de termelétricas, mas não estava na entrevista que anunciou a medida. O ministro interino de Minas e Energia, Nelson Hubner, rechaçou novamente a hipótese de racionamento. "Não se falou em necessidade de racionamento, não se falou em campanha de racionalização", disse. "Não vai haver medida de restrição do consumo", afirmou.
As declarações de Kelman deram motivo a frases irônicas tanto de Hubner quanto do presidente da EPE (Empresa de Pesquisa Energética, estatal que planeja o setor), Maurício Tolmasquim. Hubner disse que era provável que Tolmasquim continuasse presidente da EPE, mas que era possível que ele morresse antes. Já Tolmasquim disse que era possível que um meteoro caísse no país.
Tolmasquim admitiu que o país enfrenta uma situação "complicada" do ponto de vista de chuvas, mas que não pode ser comparada ao que aconteceu em 2001. Disse que hoje há maior capacidade de transmissão de energia entre as regiões. Para ele, o fato de mais termelétricas estarem sendo acionadas não pode ser interpretado como crise. "Botar termelétrica para funcionar é um sinal de saúde do sistema", afirmou.


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