São Paulo, segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

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China tem 1ª alta em exportação em 14 meses

Reação das vendas externas chinesas sinaliza para avanço na recuperação da economia internacional

DA REDAÇÃO

As exportações chinesas subiram em dezembro pela primeira vez em 14 meses, sinalizando o avanço da recuperação econômica global -mas, também, renovando as pressões sobre Pequim para que o yuan, a moeda chinesa, seja apreciado.
Seguindo os dados positivos já divulgados pelos vizinhos Coreia do Sul e Taiwan, o governo chinês anunciou ontem que o volume exportado subiu 17,7% ante o mesmo mês do ano anterior, totalizando US$ 130,7 bilhões. Em novembro de 2008, as exportações haviam caído 2,2% -a queda se arrastaria pelos meses seguintes, puxada pela contração global.
"A recuperação global está ganhando espaço e o momento de os países retirarem medidas de estímulo pode vir antes do esperado, incluindo para a China", disse Wang Hu, economista do Guotai Junan Securities. "Importações em alta são mais uma prova de que a economia chinesa pode encarar um perigo de superaquecimento."
Na semana passada, o BC chinês elevou a taxa de juros de seus títulos de três meses pela primeira vez desde agosto, após anunciar que manterá maior controle sobre crédito, temendo o estouro de bolhas.
Em dezembro, as importações atingiram alta recorde (US$ 112,3 bilhões): 55,9% ante o mesmo período do ano passado, no sinal mais recente do aumento da demanda interna chinesa, embora os dados também tragam preocupações sobre o potencial de pressão inflacionária, segundo analistas.
A retomada do crescimento das exportações já era esperada pelo mercado -mas, embora a comparação anual tenha sido inflada pela base baixa de dezembro de 2008, tanto os dados de exportação quanto os de importação foram muito mais fortes do que o previsto.
Andy Rothman, economista-chefe para a China da CLSA, afirma que uma retomada das exportações era necessária, para que Pequim possa recomeçar sua política de apreciação gradual do yuan, suspensa mais de um ano atrás, no auge da crise. Se as exportações continuarem em alta, líderes chineses terão estofo político para retomar a apreciação do yuan em meados do ano, com possível valorização de 3% em 2010.
O resultado favorável -que, no acumulado do ano, alçou o país ao posto de maior exportador do mundo em 2009, desbancando a Alemanha- se deve a vários fatores, dentre eles o yuan desvalorizado. A moeda chinesa é atrelada ao dólar, que se desvalorizou fortemente no ano passado, favorecendo as exportações chinesas -que ainda se sustentaram em meio à crise por terem muitos produtos de baixo valor agregado.
Apesar desses sinais de fortalecimento da economia chinesa, o presidente Hu Jintao disse, em evento público no fim de semana, que o país continuará "pró-ativo" nas políticas fiscais e "moderadamente solto" nas políticas monetárias.
No ano passado, Pequim usou políticas fiscais para elevar as vendas de carros -o que contribuiu para que o país tenha sido alçado a outro posto de liderança: maior mercado de automóveis do mundo.


Com agências internacionais


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