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São Paulo, terça-feira, 11 de fevereiro de 2003

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BANCOS

Tereza Grossi deve deixar cargo

BC de Lula elogia área de fiscalização do BC de FHC

LEONARDO SOUZA
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um dos pontos mais criticados pelo PT durante o governo FHC, o trabalho do Banco Central na supervisão e fiscalização bancária recebeu vários elogios em documento preparado pela própria instituição e divulgado ontem. Até mesmo o Proer (programa de ajuda aos bancos privados) recebeu menções positivas.
O relatório foi divulgado menos de duas semanas depois de a bancada do PT no Congresso pedir o afastamento da diretora de Fiscalização do BC, Tereza Grossi.
Segundo o documento, "o Proer não foi concebido para ser um programa de socorro a banqueiros, mas sim um programa instituído para garantir a estabilidade do sistema financeiro".
Sem o Proer, diz o BC, ocorreriam "prejuízos a milhões de depositantes, com efeitos potencialmente desastrosos para a economia". O relatório, intitulado "Relatório de Atividades - 1995 a 2002", é o primeiro produzido pelo BC a conter avaliações sobre a fiscalização do setor bancário.
Segundo ele, "a supervisão do BC demonstrou possuir capacidade para responder aos desafios, e, após realizar um processo muito importante de reestruturação, encontra-se munida dos instrumentos efetivos para manter a estabilidade do sistema financeiro".
Em nenhum momento o relatório cita o caso da ajuda aos bancos Marka e FonteCindam, em janeiro de 1999. O papel de Grossi no socorro oferecido a essas instituições financeiras, que quebraram por causa da maxidesvalorização do real, é o motivo das críticas lançadas pelo PT.

Mudanças

O presidente do BC, Henrique Meirelles, deve começar as mudanças na diretoria da instituição justamente por Grossi, segundo apurou a Folha. As trocas de cargos seriam iniciadas no final deste semestre.
Pessoas próximas a Meirelles confirmaram que ele lhes teria dito que Grossi era o menor de seus problemas na diretoria. A opção do presidente do BC para substituir Grossi seria um funcionário de carreira do banco.
Meirelles assumiu a presidência do BC no começo do ano, mas não promoveu nenhuma troca nos quadros centrais da instituição. Toda a diretoria colegiada (sete diretores) e os chefes de departamento foram herdados da gestão de seu antecessor direto no cargo, Armínio Fraga.
Pelo menos três diretores estavam de saída do banco no final do ano passado: Ilan Goldfajn (Política Econômica), Luiz Fernando Figueiredo (Política Monetária) e Beny Parnes (Assuntos Internacionais). A pedido de Meirelles, resolveram ficar por mais tempo, até que ele se inteirasse melhor do funcionamento do banco e se sentisse mais seguro para fazer as alterações que considerasse necessárias.
Outra razão para que Meirelles não fizesse mudanças logo no começo foi o receio da reação negativa que poderia causar no mercado financeiro.


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