|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SISTEMA FINANCEIRO
Instituição vence Itaú ao dar lance de R$ 78 milhões, ágio de 1,07%; privatização é a primeira de Lula
Bradesco compra o Banco do Maranhão
JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
O Bradesco venceu o primeiro
leilão de privatização realizado no
governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O banco ofereceu R$ 78 milhões para adquirir
89,957% do capital do BEM (Banco do Estado do Maranhão), em
leilão realizado na Bovespa (Bolsa
de Valores de São Paulo).
O valor da aquisição representa
um ágio de apenas 1,073% sobre o
preço mínimo, de R$ 77,17 milhões, estabelecido pelo Banco
Central. Principal concorrente do
Bradesco no ranking dos bancos
privados, o Itaú participou do leilão, mas limitou-se a oferecer o
preço mínimo pela instituição.
Márcio Cypriano, presidente do
Bradesco, informou que "grande
parte do pagamento" será feita
com moedas de privatização (títulos públicos em poder do banco
que podem ser usados para cobrir
parte do desembolso), mas disse
que não poderia precisar quanto
seria utilizado desses papéis. O
edital de privatização do BEM estipulava que somente 10% do valor deveria ser pago em dinheiro.
O resultado da privatização não
provocará mudanças no ranking
de bancos. De acordo com a ABM
Consulting, com base nos balanços até setembro de 2003, o líder
do ranking nacional, o Banco do
Brasil, acumulava ativos de R$ 215
bilhões. Em seguida, aparecia outro banco estatal, a CEF (Caixa
Econômica Federal), com R$ 141
bilhões em ativos. Com a aquisição de ontem, os ativos do Bradesco somarão R$ 140,2 bilhões.
A CEF, no entanto, divulgará
hoje prévia de seu balanço de
2003, e os ativos, segundo analistas, devem chegar a R$ 150 bilhões. Quarto colocado, o Itaú
acumulava até setembro ativos no
valor de R$ 113 bilhões.
Funcionalismo
"Ao Bradesco interessa muito a
rede do BEM, que no Maranhão
só tem rival no Banco do Brasil,
além do fato de que quase todo o
funcionalismo local tem conta na
instituição", disse Felipe Tumenas, analista da ABM Consulting.
O BEM é o terceiro banco estatal
que o Bradesco adquire desde
1999, quando, por R$ 260 milhões, assumiu o controle do Baneb (Banco do Estado da Bahia).
Em 2002, pagou R$ 1,372 bilhão
pelo BEA (Banco do Estado do
Amazonas). No ano passado, adquiriu a subsidiária brasileira do
espanhol BBV, mais a carteira de
fundos do JP Morgan, a financeira
Finasa e o banco Zogbi.
Rede
Com a aquisição do BEM, o Bradesco passará a ser o banco com
maior presença no Maranhão. O
banco privatizado ontem possui
uma rede de 76 agências e 125
postos de atendimento. De sua
parte, o Bradesco não mantinha
mais que 25 agências (seis em São
Luís e as demais no interior). O
Banco do Brasil, segundo seu site,
tem 87 agências no Estado.
Das cerca de 186 mil contas do
BEM, 120 mil são de servidores
públicos (estaduais e municipais).
Segundo Cypriano, esse foi um
determinante para o interesse do
banco pela instituição estatal.
"Além das contas do funcionalismo e do governo, teremos possibilidade de agregar as contas dos
fornecedores do Estado", disse
Cypriano, que mencionou ainda a
expansão econômica que o Estado deve experimentar, motivada
pelo aumento do plantio de soja e
pela possível instalação de uma
subsidiária da Vale do Rio Doce.
Próximo alvo
De acordo com o executivo, o
Bradesco mantém interesse na
aquisição do BEC (Banco do Estado do Ceará). Segundo o diretor
de liquidações e desestatizações
do Banco Central, Antônio Gustavo Matos do Vale, o BEC será o
próximo privatizado.
Mas Cypriano não escondeu
que o maior alvo é o Besc (Banco
do Estado de Santa Catarina), outro da lista do PND (Programa
Nacional de Desestatização). "O
Besc é a grande atração hoje, pelos
seus ativos e pela importância de
Santa Catarina, que tem uma economia diversificada", disse.
Colaborou a Folha Online
Texto Anterior: Golpe: 5 pessoas são presas por fraudar Previdência Próximo Texto: Mercado financeiro: IGP-M puxa alta da Bolsa e virada no juro Índice
|