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Camargo compra 22% da Cimpor; disputa derruba valor de ações
Operação acontece uma semana após Votorantim ter comprado 17% da cimenteira portuguesa
MARIANA BARBOSA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Camargo Corrêa surpreendeu o mercado ao adquirir
22,17% da cimenteira portuguesa Cimpor, correspondente
à totalidade das ações do grupo
português Teixeira Duarte.
A aquisição aconteceu uma
semana depois de a concorrente Votorantim ter fechado a
compra de 17,3% da Cimpor e
levou o preço das ações da cimenteira a desabar na Bolsa de
Lisboa. Em um dia de fortes altas na Bolsa portuguesa, as
ações da Cimpor caíram mais
de 5%, fechando em 5,54.
Pela primeira vez, o valor ficou abaixo da oferta pública de
aquisições feita pela CSN, que
propôs pagar 5,75 por ação
em 18 de dezembro.
A Camargo pagou 6,50 por
ação e tem ainda uma opção de
compra de mais 3% de outros
acionistas. No total, o negócio
sairá por 1 bilhão.
O grupo Teixeira Duarte era
o maior acionista individual e
se acreditava que não estaria
disposto a vender sua participação. Em contraste com o desempenho das ações da Cimpor, as de Teixeira Duarte subiram 15,4%.
Com a entrada da Camargo
Corrêa -que em janeiro apresentou uma proposta de fusão
que foi rejeitada pela CMVM, a
comissão de valores mobiliários portuguesa-, analistas de
mercado dão como certa a rejeição da oferta da CSN.
A Cimpor é uma das dez
maiores cimenteiras do mundo
e está presente em mercados
emergentes com grande potencial de crescimento, como China, Índia e Turquia, além do
Brasil. A empresa teve grandes
perdas com derivativos durante a crise financeira e desde então passou a ser assediada pelas
concorrentes brasileiras.
No Brasil, a Cimpor está presente desde 1997 e detém cerca
de 10% do mercado.
Para a CSN, que entrou no
mercado de cimentos no ano
passado com a inauguração de
uma fábrica em Volta Redonda,
a aquisição da Cimpor se encaixa em um antigo projeto de diversificação e internacionalização. Temendo a rejeição de sua
oferta, a CSN entrou anteontem com pedido no Cade (Conselho Administrativo de Defesa
Econômica) para tentar barrar
a compra da participação na
Cimpor pela Votorantim.
A CSN tem até amanhã para
melhorar sua oferta, que equivale a 3,86 bilhões, considerando a totalidade das ações da
Cimpor. Uma nova oferta, seja
da CSN ou de terceiros, o que é
tido como pouco provável, precisa ser pelo menos 2% maior.
Passado esse prazo, os acionistas têm até o dia 17 para decidir se aceitam ou rejeitam a
oferta. Na eventualidade de
surgir uma nova oferta, o prazo
do dia 17 poderá ser estendido.
Conflito interno
A coexistência de dois grupos
rivais brasileiros com participações expressivas na Cimpor
foi considerada preocupante
para alguns analistas. Em relatório a clientes, o banco Banif
diz que a presença de Votorantim e Camargo "poderia gerar
sérios conflitos de interesses
no longo prazo e, decididamente, não providenciaria uma estrutura acionista estável".
Para a Camargo Corrêa, a
preocupação não tem fundamento. "Não tem nada a ver,
Votorantim tem 17,3% de uma
companhia que tem boa governança", afirmou Carlos Pires
Oliveira Dias, membro do Conselho de Administração da Camargo Corrêa.
Com operações no Brasil, Argentina e Paraguai, a divisão de
cimento da Camargo faturou
R$ 2,3 bilhões em 2009.
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