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Petrobras desiste de projeto na Venezuela
Estatal conclui que investimento em óleo ultrapesado em Carabobo não apresenta viabilidade satisfatória
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
A Petrobras diz ter concluído
que o investimento na exploração das reservas de óleo ultrapesado de Carabobo, na faixa
do rio Orinoco, na Venezuela,
não apresenta viabilidade econômica satisfatória e desistiu
de participar do processo de seleção do governo Hugo Chávez
para a escolha das empresas estrangeiras parceiras do projeto.
Dois consórcios disputam os
três blocos ofertados pela Venezuela em Carabobo. Um é
formado pela Chevron, por três
empresas japonesas e pela Suelopetrol; o segundo tem a participação da espanhola Repsol,
da Petronas (Malásia) e da
ONGC (Índia). A estimativa
oficial é que haja 25 bilhões de
barris de petróleo recuperáveis. As reservas brasileiras,
sem o pré-sal, são de 14 bilhões.
O anúncio seria feito ontem à
noite em Caracas.
Desde 2005, a estatal brasileira avaliava as reservas, cujo
investimento seria uma contrapartida na entrada da venezuelana PDVSA na refinaria de
Pernambuco.
"Fizemos uma avaliação, e a
conclusão foi que economicamente não era interessante [investir em Carabobo]. A área de
exploração e produção da companhia tinha outros projetos
mais interessantes, como o
pré-sal. Então, declinamos de
Carabobo. A nossa participação
não se mostrou viável", disse à
Folha Paulo Roberto Costa, diretor de Abastecimento da Petrobras.
O executivo disse que, de fato, o investimento era uma contrapartida ao ingresso da
PDVSA no capital da refinaria
de Pernambuco -da qual a empresa terá 40%. Mas a saída da
Petrobras, avalia, não impede a
participação da estatal venezuelana no projeto.
Até agora, todos os investimentos estão a cargo da Petrobras, que já desembolsou US$ 1
bilhão no projeto, especialmente em terraplanagem e na
compra de equipamentos.
Costa disse que foram firmados estatuto e acordo de acionistas com a PDVSA para criar
a empresa que vai gerir a refinaria. Há, porém, dois entraves:
um acerto de contas com a estatal venezuelana -que tem de
aportar US$ 500 milhões referentes aos investimentos já
realizados- e a negociação do
empréstimo com o BNDES.
Segundo o executivo, a Petrobras acertou empréstimo de
R$ 9 bilhões com o BNDES,
mas a PDVSA tem de arcar com
40% do valor do financiamento
e apresentar as garantias referentes a essa parcela -o que
não ocorreu até agora.
Segundo a Folha apurou, a
Petrobras está insatisfeita com
a regulamentação venezuelana
para o setor petroleiro, que,
desde 2006, dá à PDVSA a participação majoritária do setor.
Com isso, a Petrobras teve de
ceder o controle de quatro empresas que tinha no país. Desde
então, vários projetos, principalmente na área de gás, foram
cancelados ou paralisados.
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