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PRIVATIZAÇÃO
Governo previu venda
Sem Furnas, país não cumpre meta de 2001
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Se o governo desistir de vender
Furnas, estará abrindo mão de
uma das mais importantes receitas de privatização previstas no
acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional).
A mais recente versão do memorando técnico de entendimentos, divulgada em março, prevê
uma arrecadação de R$ 4,5 bilhões com a venda de estatais,
apenas até setembro. Furnas é
considerado o negócio com
maior peso, mas o governo fala
em vender a empresa até março
do próximo ano.
O governo não divulga quanto
espera receber com a venda de
Furnas, mas estimativas de mercado dão conta de uma arrecadação de até R$ 9 bilhões.
O eventual adiamento da privatização poderá ter duas consequências negativas: a dívida do
setor público ficará maior que o
planejado e o governo perderá
uma fonte importante para financiar as contas externas.
Pelas contas do Ministério da
Fazenda, pelo menos metade do
valor da venda de Furnas poderia
entrar no caixa do Tesouro Nacional ainda neste ano. O resto seria pago depois de 2001.
A exemplo dos cerca de R$ 100
bilhões já arrecadados com o programa de privatização, o dinheiro
de Furnas reduziria a dívida do
setor público -que chegou a
49,9% do PIB (Produto Interno
Bruto) em fevereiro passado e é
considerado um dos pontos vulneráveis da economia do país.
Sem vender Furnas, o governo
levará mais tempo que o planejado -ou terá de ampliar o aperto
fiscal- para atingir seu objetivo
de estabilizar o tamanho da dívida pública em 46,5% do PIB.
Também seria perdida a chance
de obter mais dólares para financiar o déficit nas contas externas,
já que os leilões de privatização
têm sido muito disputados por
empresas estrangeiras.
Pela última estimativa oficial do
Banco Central, o país necessita de
US$ 26 bilhões neste ano para cobrir o déficit nas transações com o
exterior. A maior parte dos recursos, US$ 24 bilhões, deverá vir dos
investimentos diretos.
Essa não é a primeira vez em
que o acordo com o FMI conta
com recursos da venda de Furnas.
Desde a primeira versão do acordo, assinado em 1998, a estatal é
citada. Mas o novo adiamento,
caso se confirme, ocorrerá em um
ano particularmente difícil para o
programa de privatizações.
O BC pretende levar a leilão neste ano seis bancos estaduais
(Amazonas, Piauí, Ceará, Goiás,
Santa Catarina e Maranhão), mas
não há garantia de compradores
para todos. No ano passado, fracassou uma tentativa de venda do
banco maranhense, por falta de
interessados. Da pauta de privatizações também constam o IRB
(Instituto de Resseguros do Brasil) e as ações da Vale do Rio Doce
que ainda pertencem ao Tesouro.
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