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Ajuste de tesourarias de bancos influi na valorização de 1,69%
Inflação maior estressa dólar, que vai a R$ 3,249
GEORGIA CARAPETKOV
DA REPORTAGEM LOCAL
A alta da inflação e o aumento
da procura dos bancos por dólares elevaram a cotação da moeda
norte-americana a R$ 3,249. A alta de ontem (1,69%) foi a terceira
consecutiva, mas o dólar ainda
acumula desvalorização de 7,8%
nos últimos 30 dias.
O C-Bond, título da dívida brasileira de maior liquidez, fechou
em alta de 0,38%, apesar de ter
permanecido em baixa durante a
maior parte do dia.
O risco-país, medido pelo JP
Morgan, acompanhou a oscilação
do C-Bond e fechou em alta de
2,11%, aos 969 pontos.
Segundo operadores, ontem foi
dia de ajustes de posições das tesourarias dos bancos, devido ao
atual patamar da cotação do dólar. Além disso, a pequena entrada de recursos colaborou para
que as compras dos investidores
se refletisse em valorização da
moeda norte-americana.
Nem mesmo a notícia de que o
Unibanco fechou uma captação
de US$ 100 milhões com vencimento em 12 meses e taxa de
5,25% -menor em relação às
operações anteriores- fez o dólar ceder.
Após a divulgação de que o IPCA em março foi de 1,23%, o nervosismo no mercado financeiro
aumentou. Apesar de a alta ter sido menor do que a registrada em
fevereiro, que ficou em 1,57%, alguns analistas acreditavam em
uma queda maior.
Além dos efeitos econômicos
diretos da alta dos preços, os investidores prestam atenção especial ao IPCA, devido a ser esse o
índice utilizado pelo governo para
definir as metas de inflação.
Em janeiro, o Banco Central estabeleceu que a meta para este
ano é de 8,5%. Somente no primeiro trimestre, o índice já chega
a 5,13%. Atualmente a média das
projeções de bancos e consultorias financeiras para o IPCA em
2003 é de 12,26%, segundo o boletim "Focus" do BC.
Para os analistas, ultrapassar
pelo terceiro ano seguido a meta
de inflação, mesmo após sucessivos aumentos da Selic (taxa básica
de juros), reduz a credibilidade do
regime de metas inflacionárias,
principalmente no exterior.
Além disso, a possível manutenção dos juros em 26,5% ao ano, ao
mesmo tempo em que há uma
grande pressão para a queda, não
é bem vista pelos investidores, devido aos possíveis reflexos da medida na popularidade do governo.
Tendência de alta
Para os analistas, nos próximos
dias a cotação do dólar deverá
continuar a apresentar volatilidade, com leve tendência de alta.
Além das notícias do cenário doméstico, eles acreditam que o
mercado estará atento ao destino
dos recursos de grandes investidores após o desfecho do conflito
no Iraque e os indicadores econômicos dos EUA no pós-guerra.
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