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São Paulo, sexta-feira, 11 de abril de 2003

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Ajuste de tesourarias de bancos influi na valorização de 1,69%

Inflação maior estressa dólar, que vai a R$ 3,249

GEORGIA CARAPETKOV
DA REPORTAGEM LOCAL

A alta da inflação e o aumento da procura dos bancos por dólares elevaram a cotação da moeda norte-americana a R$ 3,249. A alta de ontem (1,69%) foi a terceira consecutiva, mas o dólar ainda acumula desvalorização de 7,8% nos últimos 30 dias.
O C-Bond, título da dívida brasileira de maior liquidez, fechou em alta de 0,38%, apesar de ter permanecido em baixa durante a maior parte do dia.
O risco-país, medido pelo JP Morgan, acompanhou a oscilação do C-Bond e fechou em alta de 2,11%, aos 969 pontos.
Segundo operadores, ontem foi dia de ajustes de posições das tesourarias dos bancos, devido ao atual patamar da cotação do dólar. Além disso, a pequena entrada de recursos colaborou para que as compras dos investidores se refletisse em valorização da moeda norte-americana.
Nem mesmo a notícia de que o Unibanco fechou uma captação de US$ 100 milhões com vencimento em 12 meses e taxa de 5,25% -menor em relação às operações anteriores- fez o dólar ceder.
Após a divulgação de que o IPCA em março foi de 1,23%, o nervosismo no mercado financeiro aumentou. Apesar de a alta ter sido menor do que a registrada em fevereiro, que ficou em 1,57%, alguns analistas acreditavam em uma queda maior.
Além dos efeitos econômicos diretos da alta dos preços, os investidores prestam atenção especial ao IPCA, devido a ser esse o índice utilizado pelo governo para definir as metas de inflação.
Em janeiro, o Banco Central estabeleceu que a meta para este ano é de 8,5%. Somente no primeiro trimestre, o índice já chega a 5,13%. Atualmente a média das projeções de bancos e consultorias financeiras para o IPCA em 2003 é de 12,26%, segundo o boletim "Focus" do BC.
Para os analistas, ultrapassar pelo terceiro ano seguido a meta de inflação, mesmo após sucessivos aumentos da Selic (taxa básica de juros), reduz a credibilidade do regime de metas inflacionárias, principalmente no exterior.
Além disso, a possível manutenção dos juros em 26,5% ao ano, ao mesmo tempo em que há uma grande pressão para a queda, não é bem vista pelos investidores, devido aos possíveis reflexos da medida na popularidade do governo.

Tendência de alta
Para os analistas, nos próximos dias a cotação do dólar deverá continuar a apresentar volatilidade, com leve tendência de alta. Além das notícias do cenário doméstico, eles acreditam que o mercado estará atento ao destino dos recursos de grandes investidores após o desfecho do conflito no Iraque e os indicadores econômicos dos EUA no pós-guerra.


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