São Paulo, terça-feira, 11 de abril de 2006

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Para Meirelles, eleição não afetará economia

CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente do BC (Banco Central), Henrique Meirelles, descartou ontem a repetição, neste ano, de turbulências econômicas semelhantes às registradas em 2002, quando Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito presidente.
"Não só os números [da economia] são outros mas as discussões sobre medidas estão em outro patamar. A questão agora é o que fazer para crescer", declarou Meirelles em São Paulo, logo depois de apresentar um balanço positivo da economia brasileira em reunião da Câmara de Comércio França-Brasil.
Em resposta a uma pergunta da platéia, Meirelles citou três tarefas que considera prioritárias para o próximo governo, seja ele qual for: realizar reformas estruturais, melhorar a infra-estrutura do país e aumentar o nível de investimentos em educação. O presidente do BC não elencou as reformas que considera fundamentais.
Na palestra que fez durante o encontro, Meirelles apresentou uma série de números positivos da economia brasileira, que, segundo ele, indicam que o país está na rota do crescimento sustentado. Entre os itens citados por Meirelles, estão queda na relação dívida pública/PIB, aumento das exportações, elevação do volume de crédito, convergência da inflação para a meta oficial e reação da atividade econômica.
Alvo de constantes críticas em razão do alto patamar dos juros, Meirelles destacou que as taxas reais estão em queda. No período de 1997-1999, os juros reais médios eram de 21,4%, afirmou. De 2002 a 2003, o patamar foi de 15,2%. O índice caiu para 11,4% entre 2004 e 2006 e está hoje em 10,4%, disse o presidente do BC.
Meirelles foi evasivo quando um dos participantes perguntou se ele concordava com estudo do BC segundo o qual há risco de repique inflacionário sempre que a taxa de juros reais do Brasil cair abaixo de 10%. Segundo Meirelles, a manutenção das políticas econômicas que "estão dando certo" é o caminho para que os juros diminuam ainda mais.
"Estou falando de longo prazo e não de decisões de curto prazo do Copom", observou. O Copom (Comitê de Política Monetária) se reúne na próxima semana para definir a taxa básica de juros, a Selic, hoje em 16,50%.
Em sintonia com seus críticos, Meirelles disse que o grande desafio do país é crescer. Mais uma vez, defendeu a política econômica ortodoxa, sob o argumento de que ela trouxe estabilidade e afastou as crises cíclicas vividas pelo país até um passado recente.


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