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Para Meirelles, eleição
não afetará economia
CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente do BC (Banco
Central), Henrique Meirelles, descartou ontem a repetição, neste
ano, de turbulências econômicas
semelhantes às registradas em
2002, quando Luiz Inácio Lula da
Silva foi eleito presidente.
"Não só os números [da economia] são outros mas as discussões
sobre medidas estão em outro patamar. A questão agora é o que fazer para crescer", declarou Meirelles em São Paulo, logo depois de
apresentar um balanço positivo
da economia brasileira em reunião da Câmara de Comércio
França-Brasil.
Em resposta a uma pergunta da
platéia, Meirelles citou três tarefas
que considera prioritárias para o
próximo governo, seja ele qual
for: realizar reformas estruturais,
melhorar a infra-estrutura do país
e aumentar o nível de investimentos em educação. O presidente do
BC não elencou as reformas que
considera fundamentais.
Na palestra que fez durante o
encontro, Meirelles apresentou
uma série de números positivos
da economia brasileira, que, segundo ele, indicam que o país está
na rota do crescimento sustentado. Entre os itens citados por Meirelles, estão queda na relação dívida pública/PIB, aumento das exportações, elevação do volume de
crédito, convergência da inflação
para a meta oficial e reação da atividade econômica.
Alvo de constantes críticas em
razão do alto patamar dos juros,
Meirelles destacou que as taxas
reais estão em queda. No período
de 1997-1999, os juros reais médios eram de 21,4%, afirmou. De
2002 a 2003, o patamar foi de
15,2%. O índice caiu para 11,4%
entre 2004 e 2006 e está hoje em
10,4%, disse o presidente do BC.
Meirelles foi evasivo quando
um dos participantes perguntou
se ele concordava com estudo do
BC segundo o qual há risco de repique inflacionário sempre que a
taxa de juros reais do Brasil cair
abaixo de 10%. Segundo Meirelles, a manutenção das políticas
econômicas que "estão dando
certo" é o caminho para que os juros diminuam ainda mais.
"Estou falando de longo prazo e
não de decisões de curto prazo do
Copom", observou. O Copom
(Comitê de Política Monetária) se
reúne na próxima semana para
definir a taxa básica de juros, a Selic, hoje em 16,50%.
Em sintonia com seus críticos,
Meirelles disse que o grande desafio do país é crescer. Mais uma
vez, defendeu a política econômica ortodoxa, sob o argumento de
que ela trouxe estabilidade e afastou as crises cíclicas vividas pelo
país até um passado recente.
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