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EXPURGOS
Cerca de 2 milhões de trabalhadores que não aderiram ao acordo proposto pelo governo em 2001 podem ser beneficiados
Caixa e CUT fazem acordo para pagar FGTS
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Caixa Econômica Federal e a
CUT assinaram acordo para pagar a correção do FGTS (Fundo
de Garantia do Tempo de Serviço) referentes aos planos Verão
(1989) e Collor 1 (1990) a trabalhadores representados por sindicatos filiados à central.
O primeiro lote de pagamentos
deve ser feito em 60 dias e deve
atender cerca de mil pessoas, segundo previsão de sindicalistas e
representantes da Caixa. Mas o
prazo e o número de beneficiados
vai depender também do envio de
informações dos sindicatos à Caixa (nos próximos dias, vão iniciar
o cadastramento dos trabalhadores) e do cruzamento de dados
com as contas do FGTS.
A CUT estima que pelo menos 2
milhões de trabalhadores possam
ser beneficiados pelo acordo, mas
a Caixa não confirma o número.
Só têm direito à correção os trabalhadores que tinham conta do
FGTS com saldo em janeiro de
1989 e/ou abril de 1990 e não aderiram ao acordo proposto pelo
governo, conforme previa a lei
complementar nº 110, de 2001
-na época ficou conhecido como "o maior acordo do mundo".
No acordo da CUT, será paga
correção de 16,64% (plano Verão), 44,8% (Collor 1), além da
aplicação da TR (Taxa Referencial) mais 3% ao ano. Mesmo os
que sacaram o fundo após os planos econômicos têm direito às
correções, segundo a Caixa.
Assinado ontem por 52 sindicatos cutistas, o acordo vale para
trabalhadores representados por
entidades filiadas à central nos Estados de São Paulo e Mato Grosso
do Sul. "Estamos, na prática, antecipando uma decisão da Justiça,
que publicou um acórdão e mandou pagar aos trabalhadores. O
acordo atinge os dois Estados
contemplados na ação que a CUT
moveu no Tribunal Regional Federal", diz Gildásio Freitas Silveira, gerente de FGTS em São Paulo.
A central ingressou com ação na
Justiça para cobrar as perdas do
FGTS em 1993. Nesse mesmo ano,
como vários sindicatos entraram
com processos pedindo as mesmas correções, o Ministério Público Federal de São Paulo transformou o pleito da CUT em uma
ação civil pública.
Em 1996, a ação foi julgada procedente pela 18ª Vara da Justiça
Federal em São Paulo. A Caixa recorreu, mas há seis anos o TRF
manteve, em parte, a decisão.
"Por dois votos a um, o TRF reconheceu as perdas dos planos
econômicos. Mas não a extensão
para trabalhadores do país todo.
Por isso, entramos com recurso
para pedir que esse acordo seja estendido a todos os trabalhadores
do país, já que o MPF o transformou em uma ação civil pública",
diz Ruy Rios, advogado da CUT.
Para a central, o acordo negociado agora com a Caixa é melhor
do que o proposto pelo governo.
"O governo fez com que os trabalhadores abrissem mão de 8% a
15%, dependendo do valor que tinham para receber, e parcelou o
pagamento em até sete vezes", diz
Edílson de Paula, presidente da
CUT-SP. No acordo assinado ontem, o pagamento será feito em
parcela única, sem descontos.
O gerente da Caixa informou
que outros acordos também estão
sendo firmados com sindicatos
que não pertencem à CUT. "Qualquer sindicato que esteja amparado por decisão judical pode nos
procurar para fazer um acordo
nesses moldes."
Em dezembro passado, os metalúrgicos de São Paulo (Força
Sindical) firmaram acordo com a
Caixa para receber as perdas do
FGTS relativas ao Plano Collor 1.
De acordo com o sindicato, já foram liberados R$ 82,4 milhões para 14.634 metalúrgicos.
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