|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Governo decide cortar ponto de grevistas
Fim da paralisação deve ser votado na semana que vem; sindicato dos auditores fiscais ameaça adotar operação padrão
Categoria cogita iniciar processo mais lento de fiscalização; reivindicação
é a de elevar piso salarial
de R$ 10 mil para R$ 14 mil
JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo federal anunciou
que vai descontar o salário dos
funcionários públicos da Receita Federal e da AGU (Advocacia
Geral da União) em greve. O
corte do ponto será referente
somente a abril. Os dias não
trabalhados antes deste mês
não serão descontados. O Unafisco (Sindicato Nacional dos
Auditores Fiscais da Receita
Federal) ameaçou iniciar operação padrão, mesmo que a greve termine na próxima semana.
Ontem, os auditores fiscais
da Receita estavam reunidos
em Brasília para definir o destino da greve. Mas ficou decidido
que os servidores só vão votar
na segunda-feira o fim da paralisação, que começou em 18 de
março. Pedro Delarue, presidente do Unafisco, disse que
acredita na manutenção da greve. Mas afirmou que, mesmo se
os funcionários voltarem a trabalhar, os serviços não deverão
ser normalizados.
"Tem várias formas de fazer
greve. Não precisa ser de braços
cruzados. Podemos fazer uma
fiscalização mais aprofundada.
Verificar, por exemplo, cada
mercadoria de cada contêiner,
e não por amostragem. Existem
formas mais lentas e outras
mais rápidas de trabalhar."
Segundo Delarue, o sindicato
não foi informado pelo governo
de que haveria o corte do ponto,
embora a decisão fosse esperada. Já o presidente do Fórum
Nacional da Advocacia Pública
Federal, João Carlos Souto, que
representa os advogados da
União, paralisados desde 17 de
janeiro, disse ter sido avisado. E
afirmou que será definido hoje
de manhã se a greve termina.
Segundo a assessoria do Ministério do Planejamento, ficou
decidido que o corte do ponto
não será retroativo.
Pela manhã, a assessoria da
Receita informou que os gestores de cada região iriam decidir
se os funcionários a eles subordinados teriam os dias de greve
descontados. O Ministério do
Planejamento informou que
essa decisão é ilegal e que todos
os grevistas serão descontados.
O Ministério do Planejamento não sabe, ainda, quantos e
quais são os servidores que aderiram à greve. Na noite de terça-feira, o futuro presidente do
STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Gilmar Mendes,
derrubou a liminar da Justiça
Federal do Rio Grande do Sul
que impedia o governo de cortar o ponto dos grevistas. Mas a
liminar foi mantida para auditores fiscais do Trabalho, também em greve. Os auditores fiscais da Receita e do Trabalho
querem aumento do teto salarial de R$ 13,4 mil para R$ 19
mil e do piso de R$ 10 mil para
R$ 14 mil. Hoje são 12 mil servidores ligados à Receita e 3.000
ao Ministério do Trabalho. Já
os 8.000 advogados da União
reivindicam salário inicial de
R$ 11 mil -hoje, são R$ 9.000.
Texto Anterior: Imposto de Renda / Serviço Folha-IOB Próximo Texto: Greve atrasa liberação de US$ 1 bi em porto Índice
|