São Paulo, domingo, 11 de abril de 2010

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China, desta vez, acena com acordo concreto

Presidente Hu Jintao chega ao Brasil nesta quarta-feira acompanhado por um grupo de executivos de 65 empresas

Investimentos prometidos na primeira visita, em 2004, nunca saíram do papel; os dois governos assinarão planos de ação conjunta


Seokyong Lee - 25.ago.08/Bloomberg News
O presidente da China, Hu Jintao (centro), que chega nesta quarta para a segunda visita ao Brasil

RAUL JUSTE LORES
EDITOR DE DINHEIRO

A segunda visita oficial do presidente da China, Hu Jintao, que chega na quarta-feira ao Brasil, quer desmentir a ideia de relação colonial em que o Brasil só vende matérias-primas e a China entra com os produtos industrializados.
O governo brasileiro espera que durante a visita, paralela à cúpula dos Brics, a parceria se incremente, com o anúncio de mais investimentos chineses no país, além de empréstimos patrocinados pelo Banco Chinês de Desenvolvimento, o BNDES da potência oriental.
Executivos de 65 empresas chinesas participam nesta semana de seminários empresariais em São Paulo e no Rio de Janeiro, entre elas, fábricas de máquinas e do setor da construção civil de conglomerados estatais como Citic, CMEC, Sinosteel e Dongfang, que estudam não só exportar, mas também produzir no Brasil.
"Pelas regras de conteúdo nacional, quem quiser vender máquinas para a exploração de petróleo terá que instalar linhas de montagem aqui", diz o consultor Rodrigo Maciel, ex-secretário-geral do Conselho Empresarial Brasil-China e organizador dos seminários.
Hu vem acompanhado de seus ministros do Comércio, Chen Deming, das Relações Exteriores, Yang Jiechi, e da Vigilância Sanitária, Wang Yong. Este último deverá assinar acordos de cooperação técnica, em uma área na qual a burocracia ainda impede o crescimento da exportação de carne brasileira e de outros produtos para a China.
Em Brasília, os governos dos dois países vão assinar um plano de ação conjunta, que promete até 2014 diversificar o conteúdo do comércio bilateral e também incrementar os investimentos.

Promessa de investimento
Apesar de as exportações brasileiras à China terem dobrado entre 2007 e 2009, chegando a US$ 20 bilhões no ano passado -o que fez o país desbancar os Estados Unidos como principal destino dos produtos brasileiros-, os investimentos eram raros.
Na primeira visita de Hu ao Brasil, em novembro de 2004, ele prometeu investimentos de US$ 70 bilhões no Brasil e na Argentina, que nunca se concretizaram.
Entre 2007 e 2009, o gigante asiático, terceira maior economia do mundo, investiu no Brasil US$ 146 milhões, menos de 1% do que Estados Unidos e Holanda aplicaram no país no mesmo período.
Em 2010, a situação começou a mudar. Os investimentos chineses chegaram a US$ 354 milhões entre janeiro e fevereiro, graças ao início da parceria entre o grupo de siderurgia Wisco com a MMX, de Eike Batista.
Recentemente, outros investimentos em mineração foram anunciados, como a compra de uma mina da Votorantim, por US$ 430 milhões, e a da Itaminas pela chinesa ECE, por US$ 1,2 bilhão.

Porto
O presidente Hu foi convidado a conhecer as obras do porto do Açu, na cidade fluminense de São João da Barra e que pertence a Eike Batista (leia texto ao lado).
O terminal pode se tornar o principal polo de ligação entre China e Brasil para a exportação de minério de ferro.
Além de garantir fornecimento duradouro das matérias-primas necessárias para sustentar seu crescimento, a China também vai fazer lobby pelo consórcio estatal chinês que compete na licitação para o trem de alta velocidade entre São Paulo e Rio de Janeiro.


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