São Paulo, sábado, 11 de maio de 2002

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Brasil já exporta bem menos para o vizinho

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O Brasil exporta hoje a metade do total de TVs que exportava no ano passado para a Argentina. O país vizinho recebe 5,5% do volume geral de carros nacionais embarcados -a taxa era de 20% no primeiro trimestre de 2001.
A quantidade de têxteis enviada para lá caiu tanto que criou um rombo na balança do setor. Em dólares, de janeiro a março deste ano o Brasil exportou 76% menos têxteis para a Argentina do que em 2001.
Resultado: os produtos foram parar na Ásia e no México, regiões emergentes em processo de recuperação econômica ou com situação financeira já estável. Até a África do Sul está nos planos das empresas.
Dados da Abit (Associação Brasileira das Indústrias Têxteis) mostram que mudou a curva do saldo da balança comercial (exportações menos importações) do setor na Argentina. Passou de um resultado positivo de US$ 31,2 milhões de janeiro a março de 2001 para um negativo de US$ 15,4 milhões nos primeiros três meses deste ano.
"Só não foi pior porque ainda há empresas exportando para a Argentina, que esperam 90 dias para receber pela venda", afirma Paulo Skaf, presidente da Abit.
Os produtos mudaram de direção e foram parar nos países asiáticos e na Europa. O envio de têxteis para a Ásia subiu 69%. Essa taxa elevada foi alcançada também porque a base anterior era baixa, ou seja, o país exportava pouco para lá no ano passado (até março). No acumulado do último trimestre, foram enviados US$ 23 milhões em mercadorias. No mesmo período de 2001 foram só US$ 14 milhões.
O mesmo aconteceu no caso dos eletroeletrônicos e dos calçados. No ano passado, uma de cada quatro TVs exportadas (25%) iam para o varejo argentino. Nesse ano, só 13% vão para lá. Agora, os embarques de aparelhos estão mais concentrados na Venezuela e no Chile.
O mesmo acontece com as exportações de automóveis. A Anfavea, entidade que representa o setor, finalizou nesta semana acordos comerciais com o Chile. Serão enviados para lá 40 mil veículos neste ano, 45 mil em 2003, 50 mil em 2004 e 60 mil em 2005.
Há planos de fechar acordos com a África do Sul em 2003. Com isso, será reduzida a dependência em relação ao mercado argentino -a meta da maioria das companhias brasileiras.



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