São Paulo, terça-feira, 11 de maio de 2004

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Papéis de alto risco dos EUA são poupados

ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL

As empresas americanas com histórico de problemas de crédito têm conseguido se salvar da recente fuga de recursos que assola os mercados emergentes. Depois de andar em sincronia durante 2003 até meados de abril passado, o desempenho dos papéis da dívida dessas companhias- chamados "high yield bonds"- se descolou do de títulos dos governos de países como o Brasil.
Entre o dia 15 do mês passado e a última sexta-feira, o índice Embi+ calculado pelo JP Morgan, que reúne o risco-país dos mercados emergentes, subiu 23,7%. No mesmo período, o índice dos "high yield bonds" do Goldman Sachs registrou queda de 0,49%.
Os movimentos em direções opostas têm chamado a atenção de analistas porque, desde 1999, os dois índices seguiam tendências bastante parecidas tanto na alta como na queda.
Em 2003, por exemplo, tanto os países emergentes como as empresas consideradas de alto risco foram beneficiados pelo excesso de recursos disponíveis para investimentos em ativos arriscados. Isso ocorreu devido às baixas taxas de juros praticadas nos países desenvolvidos.

Recuperação explica
Agora, dizem analistas, o descolamento desses ativos ocorre, justamente, devido à perspectiva de elevação dos juros norte-americanos em um momento de forte recuperação da economia do país.
De um lado, os países emergentes tendem a ser prejudicados porque, com juros mais altos nos EUA, a tendência é que aumente a aversão global a riscos.
As dívidas de empresas americanas ficam de fora, justamente, porque estão sendo beneficiadas pelo aquecimento da economia norte-americana.
Um relatório divulgado na semana passada pelo Credit Suisse First Bank (CSFB) diz o seguinte:
"De forma geral, achamos que os "spreads" dos mercados emergentes tendem a estar mais correlacionados aos ciclos de apetite de risco global, enquanto os "spreads" dos "high yields" somente tendem a subir durante recessões (...)".
Alexandre Maia, economista-chefe da Gap Asset Management, concorda com a avaliação:
"Os juros vão subir num momento de forte crescimento nos EUA que tem beneficiado as empresas do país de forma geral", afirma Maia.
O economista acrescenta que as empresas com problemas de crédito nos EUA fizeram uma forte reestruturação em seus balanços nos últimos anos, conseguindo, com isso, reduzir bastante seus níveis de inadimplência em relação ao patamar histórico.


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