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Papéis de alto risco dos EUA são poupados
ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
As empresas americanas com
histórico de problemas de crédito
têm conseguido se salvar da recente fuga de recursos que assola
os mercados emergentes. Depois
de andar em sincronia durante
2003 até meados de abril passado,
o desempenho dos papéis da dívida dessas companhias- chamados "high yield bonds"- se descolou do de títulos dos governos
de países como o Brasil.
Entre o dia 15 do mês passado e
a última sexta-feira, o índice Embi+ calculado pelo JP Morgan,
que reúne o risco-país dos mercados emergentes, subiu 23,7%. No
mesmo período, o índice dos
"high yield bonds" do Goldman
Sachs registrou queda de 0,49%.
Os movimentos em direções
opostas têm chamado a atenção
de analistas porque, desde 1999,
os dois índices seguiam tendências bastante parecidas tanto na
alta como na queda.
Em 2003, por exemplo, tanto os
países emergentes como as empresas consideradas de alto risco
foram beneficiados pelo excesso
de recursos disponíveis para investimentos em ativos arriscados.
Isso ocorreu devido às baixas taxas de juros praticadas nos países
desenvolvidos.
Recuperação explica
Agora, dizem analistas, o descolamento desses ativos ocorre, justamente, devido à perspectiva de
elevação dos juros norte-americanos em um momento de forte recuperação da economia do país.
De um lado, os países emergentes tendem a ser prejudicados
porque, com juros mais altos nos
EUA, a tendência é que aumente a
aversão global a riscos.
As dívidas de empresas americanas ficam de fora, justamente,
porque estão sendo beneficiadas
pelo aquecimento da economia
norte-americana.
Um relatório divulgado na semana passada pelo Credit Suisse
First Bank (CSFB) diz o seguinte:
"De forma geral, achamos que
os "spreads" dos mercados emergentes tendem a estar mais correlacionados aos ciclos de apetite de
risco global, enquanto os
"spreads" dos "high yields" somente tendem a subir durante recessões (...)".
Alexandre Maia, economista-chefe da Gap Asset Management,
concorda com a avaliação:
"Os juros vão subir num momento de forte crescimento nos
EUA que tem beneficiado as empresas do país de forma geral",
afirma Maia.
O economista acrescenta que as
empresas com problemas de crédito nos EUA fizeram uma forte
reestruturação em seus balanços
nos últimos anos, conseguindo,
com isso, reduzir bastante seus
níveis de inadimplência em relação ao patamar histórico.
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