São Paulo, terça-feira, 11 de maio de 2004

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DIAS DE TENSÃO

Mercado reflete expectativa de alta dos juros nos EUA; euro tem menor cotação ante o dólar em mais de cinco meses

Bolsas caem no mundo; dólar ganha força

DA REDAÇÃO

A expectativa de que a taxa de juros nos Estados Unidos será elevada em breve voltou a influenciar os mercados mundiais ontem. As Bolsas pelo mundo fecharam com expressivas quedas, e o dólar recuperou "terreno" em relação às principais moedas.
Os dados sobre o mercado de trabalho nos EUA, divulgados na sexta-feira, ainda repercutiam ontem. Com o anúncio da criação de 288 mil vagas em abril, acima das expectativas dos analistas, cresceu a percepção de que o Federal Reserve (o banco central dos EUA) poderá elevar os juros ainda na reunião do fim de junho.
A Bolsa de Nova York caiu aos menores níveis de 2004, influenciada também pela notícia de que o Citigroup pagará US$ 2,65 bilhões para entrar em acordo com acionistas e detentores de bônus da WorldCom e pela desvalorização das ações da Exxon, devido à notícia de que a produção mundial de petróleo poderá subir.
O índice Dow Jones perdeu 1,26% e fechou abaixo do patamar simbólico de 10 mil pontos pela primeira vez desde dezembro (9.990,02). O Nasdaq, das empresas de alta tecnologia, recuou 1,14%, para 1.896,07 pontos, o menor nível desde novembro.
"Nós ainda estamos digerindo o relatório de sexta-feira sobre o emprego", afirmou Daniel Katzive, analista de câmbio do UBS.
Os investidores temem que a elevação da taxa de juros norte-americana, em 1% ao ano desde junho de 2003, eleve o custo dos empréstimos e restrinja os gastos de empresas e consumidores.
A perspectiva de alta dos juros também afeta o fluxo de capital aos mercados emergentes, que oferecem maiores retornos -e riscos- aos investidores. Um aumento da taxa americana torna mais atraentes os depósitos em dólar, o que ajuda a explicar o fluxo negativo e a desvalorização de moedas de outros países.
A rentabilidade dos títulos do Tesouro americano continuou a subir ontem. A taxa de retorno para os papéis com vencimento em dez anos cresceu para 4,8%, ante 4,77% na sexta-feira. Há uma semana, a taxa era de 4,5%.
O euro alcançou ontem a menor cotação em relação ao dólar em quase cinco meses e meio e fechou, em Londres, a US$ 1,1865, ante US$ 1,1925 na sexta-feira. Desde que atingiu seu maior valor histórico (US$ 1,2852), em 9 de janeiro passado, a moeda única européia já perdeu quase 8%.
O euro se manteve nesse patamar, acima de US$ 1,25, por mais de um mês e somente começou a cair no fim de fevereiro, quando autoridades européias começaram a externar preocupação com a valorização da moeda, que prejudica as exportações.
Em relação à moeda japonesa, o dólar registrou seu maior valor em oito meses, fechando a 113,6 ienes, com alta de 1,2%.
O impacto do relatório sobre o emprego foi sentido logo no início do dia. As Bolsas asiáticas abriram com perdas, que só cresceram ao longo do dia. Em Tóquio, o índice Nikkei 225 registrou a maior queda desde o 11 de Setembro (em 2001), de 4,84%. A Bolsa de Hong Kong caiu 3,57%, e a da Tailândia (Bangcoc), 4,89%.
Na Europa, os temores de uma alta dos juros nos EUA e dos preços do petróleo -apesar da queda do barril durante o dia- foram responsáveis pelos resultados das Bolsas, segundo analistas.
O índice FTSE 100, o principal da Bolsa de Londres, caiu 2,29%; na Alemanha, o DAX fechou em baixa de 2,85%, e, em Paris, o CAC-40 perdeu 2,73%.


Com agências internacionais

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