São Paulo, terça-feira, 11 de maio de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

IMPOSTOS

Valor a mais refere-se a 2004

Estudo diz que IR sem correção leva R$ 4,5 bi

MARCOS CÉZARI
DA REPORTAGEM LOCAL

Sem a correção da tabela do Imposto de Renda na fonte, os trabalhadores brasileiros deixarão R$ 4,5 bilhões a mais somente neste ano nos cofres da Receita Federal.
O cálculo consta do estudo "Imposto de Renda e Compressão da Massa Salarial Líquida no Brasil", elaborado pela Secretaria do Desenvolvimento, Trabalho e Solidariedade da Prefeitura de São Paulo e divulgado ontem.
Esse valor considera a tabela corrigida em 55,32%, que correspondente ao acumulado do IPCA do IBGE de janeiro de 1996 a março deste ano (88,5%) menos os 17,5% aplicados à tabela em 2002.
Até 1995, a tabela era corrigida todo ano, com base na inflação do ano anterior. Depois disso, ela ficou seis anos congelada (1996 a 2001, inclusive). Nova correção só em janeiro de 2002 (pelos 17,5%). De lá para cá já são 28 meses sem reajuste. Pior: no final do ano passado, o Congresso aprovou a manutenção da alíquota de 27,5% até o final de 2006 (ela deveria voltar a 25% em janeiro deste ano).
Aplicada a correção de 55,32%, o limite de isenção subiria dos atuais R$ 1.058 para R$ 1.643 (valor arredondado) por mês. Acima desse valor e até R$ 3.286, a alíquota seria de 15% (com dedução de R$ 246,45). Ganhos acima de R$ 3.286 pagariam 27,5%, com abatimento de R$ 657,20.
Para o secretário Marcio Pochmann, "a não-correção da tabela contribui para reduzir a massa salarial e adiar a retomada da expansão da demanda e a recuperação da economia".
Segundo o estudo, os R$ 4,5 bilhões arrecadados a mais pela Receita por não corrigir a tabela saem dos que ganham entre R$ 1.058 e R$ 2.115 (R$ 1,1 bilhão) e dos que ganham mais do que isso (R$ 3,4 bilhões). São 6,69 milhões de pessoas que efetivamente pagam Imposto de Renda no país.
Se a Receita permitisse a correção, o estudo avalia que parte desse dinheiro (R$ 347 milhões, ou 7,7% do total) voltaria para os cofres do fisco na forma de impostos sobre o consumo.
Mas não é só isso. Com a correção, esse consumo elevaria em 0,12% o índice de emprego, ou seja, seriam criadas cerca de 100,5 mil vagas. Mais emprego, mais produção, mais renda, mais consumo, mais imposto. Um círculo virtuoso que só traria benefícios.


Texto Anterior: Para CNI, não existe descontrole no câmbio
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.