São Paulo, sexta-feira, 11 de maio de 2007

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Investimento no NE pode levar Pelé à PF

Polícia Federal no RN suspeita que ex-jogador tem relação com lavagem de dinheiro de noruegueses

JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DA AGÊNCIA FOLHA

O ex-jogador de futebol Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, deve ser convocado pela Polícia Federal no Rio Grande do Norte para depor sobre sua possível relação com uma quadrilha de noruegueses acusada de lavar dinheiro por meio da venda de condomínios de luxo no litoral potiguar.
De acordo com a PF e o Ministério Público Federal, a quadrilha é dona de um terreno sobre o qual está sendo construído o "King's Flats 2" ("Flats do Rei", em português), na praia de Ponta Negra, em Natal, um dos empreendimentos da empresa Brazil Dream Homes, que tem como sócio Milton Torres. Segundo a PF, Torres é um representante da marca Pelé no Rio Grande do Norte.
Em troca do terreno, a Brazil Dream Homes cedeu para a quadrilha, de acordo com a investigação, seis flats e uma cobertura do "King's Flats 2", além de outros dois imóveis.
Pelé também participou, como garoto-propaganda, do lançamento do empreendimento. Ele estrelou peças publicitárias, veiculadas principalmente na Europa.
"Era algo na linha de "faça como eu, invista em Natal'", disse José Fornos Rodrigues, assessor de Pelé. Ele confirmou o investimento do ex-jogador no empreendimento "King's Flats 1", mas negou que ele conhecesse qualquer irregularidade nele.
As investigações da PF mostraram que chegou a ocorrer uma reunião, entre o final de 2006 e o início deste ano, entre Pelé e os noruegueses -o que é negado por Rodrigues.
O MPF e a PF afirmaram que o ex-jogador não é considerado, até agora, suspeito de envolvimento com a quadrilha.

Operação
A quadrilha norueguesa no Brasil foi desmantelada anteontem por uma operação da PF chamada de "Paraíso". Doze pessoas -entre elas três noruegueses- foram presas. A PF não soube indicar os advogados dos presos.
O MPF, a PF e a Receita Federal começaram as investigações após denúncias apontarem divergências entre o patrimônio declarado e o movimentado dos suspeitos.
De acordo com a PF, eles usavam dinheiro "sujo", proveniente de crimes cometidos no exterior, para investir nos empreendimentos brasileiros, que eram comercializados por preços subfaturados.
A polícia estima que os crimes tenham ocorrido por meio da venda de ao menos 15 prédios já concluídos em várias cidades do litoral potiguar, cujas construções custaram, no mínimo, US$ 50 milhões (aproximadamente R$ 101 milhões).


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