São Paulo, domingo, 11 de maio de 2008

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Serviço pessoal aumenta mais que o IPCA

Em 12 meses, alta no preço cobrado por profissionais como cabeleireiros, costureiras e manicures é de 7,39%, contra 5% da taxa geral

Previsão é que persistam as pressões na inflação dos serviços; para economista do IBGE, existe influência dos reajustes do mínimo


FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

Os preços dos serviços pessoais, como cabeleireiro, costureira e manicure, subiram acima da inflação nos últimos 12 meses terminados em abril. A previsão é que essa tendência se mantenha até o final do ano.
Em 12 meses, os preços dos serviços pessoais subiram 7,39%, em média, enquanto a inflação total no período foi de 5,04%, segundo levantamento do IBGE em 11 regiões metropolitanas do país.
Os serviços de costureira subiram 5,58% nos últimos 12 meses; de cabeleireiro, 5,78%; de manicure e pedicure, 7%; de empregada doméstica, 9,6%; e, de depilação, 11,4%.
Eulina Nunes, coordenadora de Índices de Preços do IBGE, diz que o setor de serviços sofre grande influência do salário mínimo e, como ele tem crescido (hoje é de R$ 415), é esperado que cortar o cabelo ou contratar alguém para fazer uma roupa custe mais.
"Cabeleireiros e manicures normalmente têm registro em carteira para receber um salário mínimo e, em cima disso, ganham comissões. Quem trabalha por conta própria acaba cobrando mais pelo serviço porque também está pagando mais pelos alimentos e pelos produtos que utiliza no seu trabalho. Se o salário mínimo continuar subindo, assim como os preços dos alimentos, os serviços também vão encarecer."
Os serviços também estão mais caros porque a demanda subiu em decorrência da elevação da renda e do emprego, na avaliação de Márcio Nakane, coordenador do IPC da Fipe.

Insumos em alta
"Fora isso, o que determina diretamente os preços dos serviços são os custos dos insumos que os profissionais utilizam, como xampu e creme. E os preços estão subindo", diz o coordenador do IPC.
O setor de serviços, segundo Nakane, não consegue aumentar a oferta tão rapidamente para acompanhar a demanda. "Como a resposta do lado da oferta é mais devagar, é esperada alta de preços com mais demanda. E tudo indica que os preços dos serviços vão continuar subindo, já que o desempenho da renda e do emprego deve se manter positivo até o final deste ano", afirma.
Desde 2005 os preços dos serviços pessoais sobem acima da inflação, segundo o IBGE. "Nas economias mais maduras, como a norte-americana e a européia, os preços dos serviços sempre andam acima da inflação. No Brasil, isso está acontecendo porque o país tem mais produtividade e elevou os investimentos. Não há escassez de oferta de serviços, o que existe é demanda e alta de custos", afirma Raphael Castro, economia da LCA Consultores.
Na avaliação de Castro, os preços dos serviços tendem a diminuir a partir do segundo semestre deste ano por conta da alta dos alimentos. "As classes de menor poder aquisitivo vão ter de desembolsar mais para comprar alimentos e vão ter menos dinheiro para pagar pelos serviços. Isso deve resultar numa desaceleração de demanda. A produção industrial já se desacelerou", diz.
A produção física da indústria brasileira subiu 1,3% em março deste ano ante igual mês de 2007, o que mostra, segundo alguns economistas, que a economia não está superaquecida.


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