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RIQUEZA VERDE
OCDE diz que produção vai crescer mais rápido do que o consumo e derrubar valor dos produtos em dez anos
Estudo projeta queda nos preços agrícolas
MARCELO BILLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A produção vai crescer mais rápido do que o consumo de produtos agrícolas nos próximos dez
anos. O descompasso deve levar à
queda no preço dos produtos, informou ontem relatório da OCDE
(Organização para Cooperação e
Desenvolvimento Econômico).
Segundo o relatório, a taxa
anual de crescimento da produção da maioria das commodities
agrícolas será superior ao crescimento do consumo. No caso do
trigo, por exemplo, a produção
deve crescer anualmente 1,8%,
enquanto a alta do consumo
mundial será de 1,2% ao ano.
Os preços dos produtos subirão,
diz o relatório, mas, quando descontados os efeitos da inflação esperada no período, o resultado será uma perda do poder de compra
dos itens produzidos.
Na prática, isso significa que um
produtor de trigo, por exemplo,
precisará produzir mais para conseguir, com o dinheiro obtido,
comprar os mesmos bens e serviços que adquire hoje. Para um
país que depende muito das vendas externas desses produtos, o
resultado é uma perda no poder
de compra das exportações.
O agronegócio respondeu por
41,5% (R$ 14,1 bilhões) das exportações brasileiras nos primeiros
cinco meses deste ano.
As maiores taxas de crescimento (do consumo e da produção)
devem ocorrer principalmente
nos países que não fazem parte da
própria OCDE. A organização é
formada por 30 países e agrega a
maior parte das grandes economias do mundo -Brasil, China e
Índia não fazem parte do grupo.
Isso ocorrerá, principalmente,
por dois motivos: porque as taxas
de crescimento populacional são
maiores nos países que não fazem
parte da OCDE e porque as necessidades básicas de consumo de
alimentos estão quase plenamente satisfeitas nos países ricos.
O resultado: os países da OCDE
perderão participação tanto na
produção quanto no consumo
mundial de alimentos. Eles são
responsáveis, por exemplo, por
33% do consumo e 44% da produção mundial de trigo, participações que, nos próximos dez
anos, cairão para 31% e 42%, respectivamente. A tendência é a
mesma para 14 dos 15 produtos
pesquisados. A única exceção é a
produção e o consumo de arroz,
nos quais o grupo já tem participação pequena, de 4%.
O relatório alerta que projeções
para dez anos embutem riscos. A
OCDE assume que as condições
climáticas se repetirão neste período, que não haverá mudanças
drásticas nas políticas agrícolas e
que o mundo continuará a trajetória de crescimento atual.
Segundo o relatório, a alta estimada do consumo é maior do que
o crescimento da população. Isso
sugere que há potencial para a redução da fome e da subnutrição.
Críticas
A OCDE fez coro com os demais
organismos multilaterais, como a
OMC (Organização Mundial do
Comércio), o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o Banco
Mundial, e criticou os subsídios
agrícolas concedidos pelos países
ricos aos seus produtores.
Segundo o relatório divulgado
ontem, os subsídios e os mecanismos de proteção do mercado interno distorcem o comércio internacional e impõe custos altos às
populações dos países ricos, que
pagam preços maiores do que os
praticados no mercado internacional.
No ano passado, os produtores
da OCDE receberam cerca de US$
408 bilhões em subsídios. A avaliação é que os subsídios precisam
ser reduzidos e as políticas agrícolas européia, norte-americana e
japonesa, reformadas.
"Os países-membros [da OCDE] precisam progredir mais",
disse Loek Boonekamp, diretor
da Divisão de Mercados Agrícolas
da organização.
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